Superpetroleiros são os maiores objetos móveis construídos pelo homem. Enormes, brutos, pesados, fazem qualquer um sentir-se um liliputiano ao seu lado. Impressionam por seu peso, vertiginam por sua altura, embasbacam por sua potência. E estão sempre prestes a explodir e causar um desastre ecológico. Eles são os Rambos e Schwarzeneggers dos mares. (Aqui em Inglês)
Enquanto isso, o que nos seduz são os veleiros. Frágeis, simples, elegantes, parceiros do vento. Pedem licença às ondas do mar e inebriam o olhar com a voluptuosidade efêmera de suas velas.
Ficamos tão impressionados com grandeza, poder e majestade, que estamos deixando passar ao largo tudo o que é pequeno, frágil e singelo. Queremos ter o controle de tudo, do alicerce ao telhado. O poder nos embriaga, na academia queremos ser Rambo, no trabalho um Donald Trump. Sonhamos construir arranha-céus, cassinos e mausoléus faraônicos, ainda que sirvam apenas para nosso enterro. Admirados com o aquilo que é exterior, nos esquecemos de que a sedução vai ficar mesmo por conta da decoração interior.
Em meio à febre dos videologs e dos sistemas que fornecem infra-estrutura de hospedagem e transmissão -- Youtube, BlipTV, Videolog, Putfile, Google Video, Mobuzz... -- surge um jovem australiano com nome de petroleiro, porém sutil como um veleiro. Ben Petro, de 27 anos, criou o Gidol!, apelido de Google Idol. Acompanhe comigo a grande sacada do rapaz que virou celebridade.
O nome é um casamento do superpetroleiro da informação -- Google -- com a grande sedução do entretenimento -- American Idol. Apela para a prática mais acessível aos jovens na busca da fama, a música, tanto para os que têm voz de gralha como para as cotovias que voam anônimas por aí.
Para os primeiros, o Gidol! acena com a possibilidade de se tornarem uma nova "Brookers", a garota de vinte anos que já foi vista por dezenas de milhões de pessoas e virou estrela fazendo caras e bocas com suas dublagens no Youtube. Num piscar de olhos passou de recepcionista a artista, foi contratada por uma produtora de TV e comprou seu primeiro carro ajudada pelos fãs.
Mas isto é para quem dubla. E para quem canta? O Gidol! oferece a possibilidade de ver sua carreira decolar na garupa de... quem dubla! Isso mesmo, pelo clipe do cover.
E foi aí que Ben Petro enxergou a oportunidade de juntar a fome com a vontade de comer. Em seu Gidol! ele promove concursos. Há categorias livres, mas há aquelas em que os candidatos recebem a incumbência de dublar algum embrião de cantor, como é o caso da jovem cantora indiana Aneela que canta em híndi. Enquanto o público vota, dubladores e dublados seguem na base do uma-mão-lava-a-outra. E quem molha a mão do Ben Petro, o criador do Gidol!?
Aparentemente ele ainda não está muito preocupado com isso. É seu hobby. Ok, você deve estar preocupado com o custo, infraestrutura etc. Bem, hobby não tem custo, não é mesmo? Qualquer investimento de tempo e dinheiro é sempre acompanhado de desculpas do tipo... eu não bebo, não fumo, não saio com os amigos... Você já deve ter escutado alguém falando assim.
Além do mais, tudo acontece no laptop do rapaz, porque os vídeos são hospedados pelos próprios autores no Google Video. Sacou a lição? O cara pegou carona nas marcas e na sensação do momento e botou todo mundo para trabalhar: O Google Video hospeda os vídeos, os jovens dublam, dançam e fazem caretas, e os aspirantes a cantores fornecem sua produção.
Esse rapaz vai longe com seu veleiro porque sabe otimizar recursos e navegar na simplicidade. A mesma simplicidade que Bree, ou LonelyGirl15, revela em seus vídeos vistos por milhões de espectadores do YouTube.
Em uma novelinha ingênua, que pode ser genuína ou armada por atores profissionais como supõem alguns, ela se vê às voltas com os altos e baixos de um relacionamento idílico com seu amigo Daniel, atraindo milhões de espectadores. A menina faz um papel exatamente oposto ao da mulher moderna, forte e independente.
Ela é simples, frágil e vulnerável. Não tem nada de "guerreira" ou "poderosa", adjetivos que viraram lugar-comum entre mulheres bem-sucedidas. Tem a fragilidade de uma "menina dos olhos", apelido da pupila por ser a parte do corpo que corremos proteger literalmente num piscar de olhos. E está longe do estereótipo de sensualidade imposto pela mídia: em um vídeo no qual aparece nadando, a menina veste um maiô inteiro modelo "vovó-recatada".
Será que tamanha audiência é um sinal de que feminilidade, graça e decência são produtos escassos no mercado atual? Você decide.
Enquanto isso, vá pensando na lição de casa, seja ela para seus negócios, comportamento ou vida: simplicidade é tudo, singeleza impera e Schwarzenegger nunca ficaria bem de saia.
O que acontecerá quando tudo no mundo se tornar disponível para todos? Quando o valor conjunto de todos os milhões de itens que talvez vendam apenas uns poucos exemplares for igual ou maior do que o dos poucos itens que vendem milhões cada um?
Quando um grupo de crianças sem intenção de lucro for capaz de gravar uma canção ou produzir um vídeo, distribuindo-os pelos mesmos meios eletrônicos explorados pelas mais poderosas empresas de grande porte? Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, explorou pela primeira vez o fenômeno da Cauda Longa em um artigo que se tornou um dos mais influentes ensaios sobre negócios de nosso tempo. Usando o mundo dos filmes, dos livros e das músicas, mostrou que a Internet deu origem a um novo universo, em que a receita total de uma multidão de produtos de nicho, com baixos volumes de vendas, é igual à receita total dos poucos grandes sucessos.
Então, cunhou o termo "Cauda Longa" para descrever essa situação, o qual, desde então, tem sido citado com destaque pela alta gerência das empresas e pelos meios de comunicação em todo o mundo.
"Embora ainda estejamos obcecados pelos sucessos do momento", escreve Anderson, "esses hits já não são mais a força econômica de outrora. Mas, para onde estão debandando aqueles consumidores volúveis, que corriam atrás do efêmero? Em vez de avançarem como manada numa única direção, eles agora se dispersam ao sabor dos ventos, à medida que o mercado se fragmenta em inúmeros nichos".
Agora, neste livro tão esperado, Anderson mostra como chegamos a esse ponto e revela as enormes oportunidades daí decorrentes: para novos produtores, para novos agregadores e para novos formadores de preferências. Ele também analisa a economia da reputação; o fim dos estoques; o efeito Wal-Mart; o poder da produção colaborativa e a ascensão de uma grande cultura paralela.
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"Ser
alguém é ter uma história para contar."
Isak Dinesen
Curioso para
saber quem sou? Ok, você pediu. Para
poupá-lo, vou começar nos anos 70.
Após a fase mauricinho, virei hippie.
Isso mesmo. Compus, cantei e toquei em
festivais, vivi 3 anos só de
macrobiótica e vesti bata de algodão de
saco de farinha. Despojamento exterior de
um Gandhi, mas vivendo como a rainha da
Inglaterra, PAItrocinado
no conforto de um apê só meu no
Guarujá e faculdade particular em Santos.
Fim dos anos 70, desenhista, designer de
ambientes e cartunista, recém formado
arquiteto, metido em movimentos de
contracultura e volta à natureza, fui
morar no mato. Comprei um sítio após
uma tentativa frustrada de morar numa
comunidade. Onde? Alto Paraiso, GO. Foram
3 anos cantando "Refazenda",
criando carrapatos, plantando mato e
comendo arroz integral com gersal.
Foi também no fim dos 70 que nasci de
novo, após três anos errando à procura
de um sentido para a vida em filosofias
do extremo oriente. Minha procura
terminou no oriente médio e os anjos
ficaram alegres.
Voltei à civilização para continuar a
carreira de arquiteto. Tive escritório
de arquitetura, fui vendedor de materiais
de acabamento, negociador no Banco Itaú
e Cia do Metrô, editor de publicações
cristãs da Verdades Vivas, tradutor
técnico e diretor de comunicação e
marketing da Widesoft.
Dinossauro da Internet no Brasil, em 1996
criei meu primeiro site, o bilíngüe True Stories,
seguido do trilíngüe Chapter-A-Day.
Trabalhando na Widesoft, criei a
comunidade Widebiz
e ultimamente mantenho alguns blogs, como
este CAFE,
o biográfico Quero Contar
e o devocional O Pintor em Minha
Janela.
Descobri o ócio criativo e faço que
gosto trabalhando em casa. Meus clientes
nunca iam ao meu escritório nem
eu por isso decidi assumir o
modelo home-office, conectado a um
atendimento profissional, empresas
parceiras, ao meu filho Lucas Persona
e aos meus clientes.
Adotei o modelo futuro no presente.
Ao lado de minha mesa fica a poltrona de
meu filho Pedro, que passa o dia
escutando música. Quem é Pedro? Esta é
uma outra história que você encontra no
livro "Uma Luta
pela Vida",
de minha filha Lia
Persona, ou acompanhando
o blog Quero Contar
.