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Vende-se Eu

Vende-se Eu
por Mario Persona

Vende-se Eu

Uma questão que o recente episódio que comentei ontem levanta é o da reputação que criamos com nossas palavras e ações, prato cheio para a crítica ao mais leve escorregão. Por isso marketing pessoal é um assunto tão buscado hoje (é a frase que mais visitantes leva ao meu site via Google). O jornal Carreira & Sucesso do Grupo Catho me entrevistou para uma matéria a respeito.

No Carreira & Sucesso do Catho Online a matéria tem o título "Saiba se vender e ganhe pontos no mercao", é assinada por Cristina Balerini e enriquecida com a opinião de profissionais como Maria Aparecida Araújo e Edmundo Vieira Cortez. A íntegra de minha entrevista está no texto abaixo.

Carreira & Sucesso: Qual a importância do marketing pessoal para conquistar um novo emprego e para conquistar novas posições no mercado?

Mario Persona: Assim como acontece com qualquer outro produto, o profissional precisa se expor no mercado. Isto fica ainda mais evidente quando vemos muitas empresas optando por contratar colaboradores terceirizados ao invés de criar um quadro próprio, o que equivale dizer que as empresas procuram por maior liberdade e flexibilidade para selecionar um fornecedor de serviços, contratá-lo pelo valor que agrega, ou substituí-lo, caso encontre outro que atenda melhor suas expectativas. Nessa competição as chances de sucesso ficam com aqueles que, além de bem preparados na área em que atuam, sabem expor sua habilidade, talento e competência.

C&S: Dê dicas de como se comportar e do que "nunca" deve ser feito.

MP: Todo profissional deve construir sua marca, que será a imagem que os outros terão dele. Marca para um profissional é como reputação, algo visível e que pode ser percebido por suas atitudes. Essa reputação pode ser habilmente esculpida, mas não irá durar se não estiver bem ancorada num caráter adequado. Por isso toda construção de marca pessoal começa com a construção do caráter.

Eu poderia colocar aqui uma lista das coisas que devem e não devem ser feitas, mas ela jamais seria tão completa quanto a que está contida na regra áurea do fazer aos outros o que você gostaria que fizessem a você também. Acho que isto e uma boa dose de bom senso e tolerância fazem parte de uma receita de sucesso para o marketing pessoal.

C&S: Podemos considerar o marketing pessoal como essencial para o networking?

MP: Eu diria que as duas coisas se complementam, mas podemos ter graus variados de networking em ambientes também variados. Por exemplo, sou bastante introspectivo em minha vida privada, evitando festas e eventos sociais. Faz parte de minha natureza de leitor e escritor me recolher em um mundo mais particular. Porém, quando participo de alguma festa ou evento, não vou vestido de ostra. Pelo contrário, desempenho meu papel de ser humano, social e gregário e tenho prazer nisso.

Obviamente alguém com uma personalidade mais voltada para a coleção de amigos e saídas freqüentes para reuniões e confraternizações terá melhores chances de criar uma rede de relacionamentos. Para compensar minha preferência pela individualidade no mundo real, dediquei-me a conquistar uma rede de relacionamentos no mundo virtual, conhecendo e me relacionando com um número muito maior de pessoas do que teria sido possível antes do advento da Internet.

Portanto, considero que a criação de uma estratégia de marketing pessoal não significa ter que abrir mão de algumas características que nos são próprias, mas sim descobrir meios alternativos de compensar nossas deficiências em uma ou outra área.

C&S: O marketing pessoal engloba apenas questões relacionadas à aparência?

MP: De maneira nenhuma. Aparência é importante, mas não é tudo, a menos que sua principal função seja a de modelo. Se acharmos que a aparência física é o mais importante para promover uma marca pessoal, estaremos excluindo as pessoas menos atraentes ou mesmo aquelas com algum defeito físico. Sei que você se referiu a aspectos como o vestir, se pentear, ou coisas assim, mas aproveito para incluir aqui o que penso também com respeito aos problemas de aparência física.

Há profissionais portadores de deficiência física que dão um verdadeiro show de marketing pessoal quando assumem com dignidade aquilo que são. Fazendo assim conseguem resultados muito melhores do que aqueles que tentam disfarçar falhas físicas evidentes demais para serem escondidas. Descobrem como fazer de sua aparência um componente importante do estilo. (Veja uma relação de sites de portadores de deficiência no blog de meu filho "Quero Contar", na coluna da direita em "Meus amigos também querem contar")

Como sua pergunta parece estar mais relacionada com o vestir, neste caso é importante que o profissional tenha bom senso para saber como deve se apresentar em diferentes lugares e ocasiões, para que sua embalagem valorize da melhor maneira possível o seu produto.

C&S: Como vender sua imagem sem perder a discrição?

MP: Simpatia é o antídoto para a exposição demasiada. Fico aborrecido quando passo por vários outdoors iguais, com uma mensagem ou aparência de gosto discutível, porém até gosto quando encontro um número igual de outdoors apresentando o produto de forma simpática e bem-humorada. A questão não está na freqüência da exposição da imagem do profissional ou em sua ousadia para conquistar novos mercados ou oportunidades, mas no estilo que usa para isso.

C&S: Um bom Curriculum Vitae vale pouco diante de um fraco marketing pessoal?

MP: Se tratarmos o marketing pessoal como tratamos o marketing de empresas e produtos, o Curriculum Vitae passa a ser uma das ferramentas que usamos em nossa comunicação ou promoção da marca. Se eu sou o produto, devo ter um preço que dê a noção exata de meu valor, vou cuidar de minha promoção usando um mix de comunicação de marketing, do qual o Curriculum Vitae faz parte, e farei isso dentro do ambiente que designei em meu planejamento como sendo minha praça.

O Curriculum Vitae deve estar muito bem associado ao marketing pessoal e deve funcionar mais como uma proposta de trabalho do que como uma biografia. Por isso sempre sugiro que o Curriculum Vitae seja elaborado de maneira personalizada para cada cliente – no caso, o empregador – apresentando as competências ou características do "produto" que mais atendam as necessidades daquele "comprador" em potencial.

C&S: Dê alguns exemplos de pessoas com bom marketing pessoal.

MP: Há muitos, mas nem sempre é fácil identificar, pois se for bom mesmo acabamos achando que a pessoa seja assim, e não que ela tenha planejado ou maquinado algo para se transformar naquilo que conhecemos. O marketing pessoal de artistas envolve até a troca de nome e acredito que alguns não teriam feito tanto sucesso com o nome original. Afinal, quem se sentiria atraído por um Kirk Douglas que se chamasse Issur Danielovitch, ou por um Cary Grant chamado Archibald Leech, seus nomes verdadeiros?

Creio que poderia citar como exemplo de marketing pessoal numa empresa aquele colega que se sobressai, que é querido ou que se preocupe com sua imagem. Consciente ou não, ele cuida de seu marketing pessoal e as empresas deveriam incentivar mais isso, pois quem melhora sua auto-estima certamente acabará se relacionando melhor com os outros ao enxergá-los como clientes internos.

Um grande erro em algumas empresas é viver sob o refrão de que tudo ali é trabalho de equipe. Bem, se for sempre assim, então meus clientes internos ou externos não são meus, mas de minha equipe. Basta que eu tenha uma performance dentro da média da equipe e tudo correrá bem.

Este pensamento, que se transforma em comportamento, pode ser encontrado em algumas empresas que acham ser prática ruim dar crédito a uma única pessoa por algum sucesso alcançado, diluindo sua capacidade numa equipe que nem sempre merecia ter crédito. Quando você encontra este tipo de comportamento numa empresa pode ter certeza de que ali o marketing pessoal não irá nunca fazer morada.

Mas basta ser observador para perceber que grandes e bem-sucedidas empresas sabem tratar com equilíbrio a importância do trabalho em equipe e do crédito individual, muitas delas explorando muito bem a imagem de seus fundadores, diretores ou até de alguns presidentes e executivos que são contratados apenas como relações públicas, enquanto os verdadeiros gestores trabalham nos bastidores.

O livro "A queda da propaganda", escrito por Al Ries e Laura Ries deve ser lido por todo aquele que se preocupa com o marketing pessoal. Ele cita grandes empresas que sempre trazem a tiracolo nomes de pessoas: Bill Gates, Larry Ellison, Scott McNealy, Lou Gerstner, Steve Jobs e Michael Dell são bons exemplos de marketing pessoal em empresas de tecnologia. Richard Branson, com a Virgin Atlantic Airways, Ted Turner, com a CNN ou Anita Roddick, com a Body Shop, também são exemplos de marketing pessoal integrado ao marketing empresarial.

Talvez alguém argumente que isso pode valer apenas para fundadores ou donos das empresas que se despontam aqui, mas conheço exemplos de presidentes, vice-presidentes ou diretores que não passam de relações públicas.

Embora não seja marketing pessoal o tema do livro de Al Ries e Laura Ries, ele demonstra a importância da assessoria de imprensa e de um trabalho de relações públicas na construção de uma marca, e é exatamente nestas mesmas áreas que um profissional irá atuar ao desenvolver sua estratégia de marketing pessoal. A exposição da marca e imagem do profissional é revestida de credibilidade quando feita por meio de relacionamento com sua rede ou por suas oportunidades de ser encontrado na imprensa.

A Internet é hoje ferramenta indispensável na construção de uma marca pessoal e nela o profissional deve trabalhar divulgando o que sabe. Sua munição ali para a promoção da marca é o conhecimento. Quem conhecer o caminho da disseminação do conhecimento usando a Internet e entender como funcionam os sites de busca, poderá alcançar um bom índice de sucesso em sua estratégia de marketing pessoal. Venho trabalhando nisso com bons resultados há alguns anos e estou sempre medindo minha própria performance nos sites de busca.

Só para você ter uma idéia, hoje fiz uma busca no Google palavra "palestras" e meu site apareceu entre os primeiros resultados em um universo de mais de 400 mil páginas. Embora resultados assim costumem variar com a entrada de novos sites, serve para dar uma idéia das conseqüências de um planejamento de marketing pessoal desenvolvido para ser encontrado na Web. Existem outras, porém, dentro e fora da Internet.

C&S: O marketing pessoal está ligado à extroversão e simpatia? Pessoas tímidas podem desenvolver seu marketing pessoal? Como devem fazer?

MP: Em boa parte da vida agimos como atores. Aliás, é disso que trato em boa parte dos capítulos de meu último livro "Marketing Tutti-Frutti", que também fala de marketing pessoal. Quando preciso conversar com um doutor, uso um tipo de linguagem, postura ou até entonação de voz. Tudo muda ao conversar com uma criança. Somos diferentes atores para diferentes públicos e ocasiões. Por esta razão, ainda que eu seja introspectivo em minha vida privada, sou falante e extrovertido quando a situação exige.

Timidez pode ser tratada com uma boa dose de teatro, pois nenhum de nós escapa de algum grau de atuação no palco da vida. Quando? Oras, naquele momento em que a gentil velhinha pergunta se você gostou do doce que ela fez com tanto carinho, ou quando o doente terminal quer sua opinião sobre sua saúde.

O que importa é que a atuação não seja para enganar os outros com o objetivo de levar vantagem sobre eles, mas de atendê-los dentro de suas expectativas de forma que não fiquem magoados. Como disse no começo, um caráter bem construído irá transpirar uma boa reputação e caberá ao profissional apenas ir acertando as arestas aqui e ali para ter um bom marketing pessoal.

C&S: Quem ganha no marketing pessoal: o homem ou a mulher?

MP: As mulheres têm, por natureza, uma capacidade maior de atração e sedução, mas estão sujeitas a cometer erros com maior facilidade justamente nestas áreas, quando não se preparam da maneira correta para abordar seu mercado.

C&S: Como a mulher pode fazer para que o marketing pessoal não seja confundido com sedução?

MP: Isto varia muito conforme a cultura, o ambiente ou o contexto em que está inserida. A vulgaridade é tão ruim profissionalmente às mulheres como aos homens. Acredito que por mais que a mídia tente nos vender uma imagem de nudez permanente para as mulheres, e músculos de aço para os homens, no fundo ainda buscamos algum recato de mistério na mulher, ou amabilidade cavalheiresca no homem. Descobrir o grau disso é tarefa da percepção que cada um deve ter do mercado de trabalho onde atua no desenvolvimento de seu marketing pessoal.


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