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Marketing de tirar o chapéu

CRÔNICAS DE NEGÓCIOS

Marketing de tirar o chapéu

Na infância, fui escoteiro de uniforme, mas sem chapéu. Os chapéus do grupo eram fabricados em Limeira pela Prada, a mesma que fabricava um modelo igual ao do Indiana Jones. Se no filme o chapéu de Harrison Ford não saía da cabeça, comigo acontecia o contrário. O chapéu não entrava. Eu era um menino de cabeça grande, desses que a mãe usa o bonezinho para trazer a melancia da feira. Eu era diferente, e não podia ter um chapéu de feltro como os outros meninos. Não fabricavam o meu número.

Se na época eu conhecesse um pouco de marketing, saberia que ser diferente é um privilégio. É o que diferencia da concorrência. Os autores do gênero descobriram isso, pois num universo de quinze mil, trezentos e cinqüenta e seistítulos - o número de livros de marketing que encontrei naAmazon.com - muitos deles inventaram novos conceitos de marketing. Ou rebatizaram os velhos.

Há livros sobre marketing direto, um-a-um, de guerrilha, digital, de rede, de relacionamento, de permissão, essencial, experimental, simbiótico, interativo, viral, de fertilidade, de banco de dados, de incentivos, de substituição, de nichos...pare para respirar um pouco, que você está ficando azul! Tem até um do contra, o "Marketing Contra-Intuitivo". O livro"Marketing Outrageously" ainda não foi publicado aqui, mas deve ser traduzido como "ultrajante". Isto se não mudarem o título, como fizeram com "Gonzo Marketing", aqui "Marketing Muito Maluco".

O mais vendido na Amazon.com ainda é o clássico dos clássicos, "Marketing Management", de Philip Kotler. Cento e quinze dólares lá, em inglês, vinte dólares nas livrarias daqui, em português. O marketing brasileiro ainda sai mais barato. E acredito que seria até mais criativo, se não nos preocupássemos tanto em copiar o acadêmico de lá. Que tenta recriar o marketing informal e de sobrevivência que temos aqui. Como o do lavador de carros do Rio, que se livrou da competição dos "Lava-Rápido" abrindo o seu "Lava-Lento".

Kotler fala dos estágios de marketing vividos por uma empresa.Empreendedor, é o marketing criativo e barato, quando a empresa começa. Depois ela adota o marketingprofissionalizado, que tenta recriar o empreendedor em laboratório. Finalmente, o marketing se torna burocrático, cheio de gráficos, pesquisas, tabelas, cálculos de retorno de investimento e outros recursos, aplicados às vezes mais para justificar a existência de seu departamento. Marketing profissionalizado é o que Kotler confessa ensinar na maior parte do livro, pois quanto mais criativo e intuitivo for o marketing, menor sua possibilidade de codificação literária e transmissão acadêmica.

Com tanta gente lançando seu próprio marketing, vou lançar o meu. "Marketing Tutti-Frutti", tipo salada de frutas, com um pouco de tudo. Um chapéu de Carmem Miranda, que leve todos os conceitos de marketing vistos até aqui, no rebolado, e sem deixar nenhum cair. Meu chapéu é grande, não se preocupe. Se não quiser chamar de Tutti-Frutti, chame de"Marketing Cabeça", que fica do mesmo tamanho. É este o marketing que faço.

Veja minhas crônicas. Falam de negócios sérios, numa linguagem tão informal que beira a irreverência. Seria isto marketing ultrajante? Envio por e-mail e estimulo a cópia e o reenvio. Uma delas circulou seis meses pela Internet antes de voltar para mim. Puro marketing viral. Também é marketing de permissão, pois só recebe quem assina. E de relacionamento- meu boletim semanal é um canal de comunicação permanente com clientes e potenciais. Sites, jornais e revistas são estimulados a publicá-las como colaboração, numa clara ação de marketing de guerrilha. Até hoje minha marca já invadiu as páginas de mais de duzentos e cinqüenta veículos. Da Flórida ao Japão.

A variedade de estratégias que levo no chapéu pode não ser um jeito muito acadêmico ou convencional de se fazer marketing, mas funciona. É o marketing alternativo, caipira, igual à solução que encontrei também para meu uniforme de escoteiro. Um humilde chapéu de palha. É claro que minha bossa-nova era um verdadeiro desacato ao rigor do escotismo inventado por Baden Powel, não o da bossa-nova. Fazer o quê, se minha mãe não queria que eu tomasse sol? Mas eu levava vantagem em termos de marketing. Nas fotos oficiais do grupo reunido sob a bandeira, eu sou o do chapéu de palha. Os outros? Bem, os outros são todos iguais.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja emwww.mariopersona.com.br

Esta crônica de Mario Persona pode ser publicada gratuitamente como colaboração em seu site, jornal, revista ou boletim, desde que mantidas na íntegra as referências acima.   


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