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Ai que fome!

Ai que fome!
por Mario Persona

Ufa! Ainda bem que terminaram os Jogos Olímpicos. É frustrante ver tanta gente em boa forma na hora do jantar. Quase posso ouvir meu prato dizer, como em filme policial: "Tudo o que você comer poderá ser usado contra você".

Até que consegui perder uns quilinhos nos últimos três meses. Apertei o cinto de 93 para 87 quilos reduzindo a atividade do maxilar e aumentando a das pernas. É fácil perder peso. Nos últimos anos perdi peso várias vezes.

Emagreço quando dou palestras, por manter a boca ocupada. Como não dou palestra 24 horas, decidi criar minha própria dieta: saladas, frutas e fomes. Isso mesmo, no plural, porque a fome é muita. Eu já tinha me esquecido da sensação de fome. Qual foi a última vez que você teve uma fome daquelas de quando era criança?

No tempo em que maiô ainda era de lã, daquele que parecia coador ao sair da água, eu treinava natação. No fim do treino eu devorava um pão com mortadela na cantina do clube. Quando dava sorte vinham dois palitos, um em cada metade, que eu lambia e mastigava para não desperdiçar nem um gostinho sequer, tamanha era a fome. Outro dia vi uma foto da época e lembrei-me dos palitos. Eu era assim, fininho.

Não tinha esse negócio de salgadinho e batata frita. Naquele tempo quem quisesse comer batata frita precisava pedir à mãe na véspera. Ela ia comprar a batata, descascar, esquentar o óleo, fritar, secar e... mandar você esperar, porque faltavam duas horas para o almoço.

Hoje não. Basta rasgar a embalagem e a batata está ali, dourada, crocante, deliciosa! E cheia de gordura, aromatizante, sal e glutamato monossódico, para o seu corpo se transformar numa verdadeira represa de retenção de líquidos. Se continuar assim, as balanças de nova geração virão graduadas em arrobas.

Até as revistas estão se adaptando aos tempos rotundos. Outro dia vi uma revista dessas de gente chique que joga golfe. Meu olho de arquiteto percebeu que as fotos das socialities e emergentes tinham sido esticadas na vertical.

As empresas começam a abrir os olhos para o problema da obesidade e você já encontra cardápios light nos refeitórios. O problema é que eles ficam ao lado daquela fonte de suco de maracujá que é puro açúcar.

A campanha pela saúde no trabalho só tende a crescer, porque a banha precisa diminuir. Gordura demais faz cair a produtividade e a barriga para fora da calça. Daqui a pouco vai ser preciso incluir no currículo peso e medidas de busto e quadris. Pode apostar que será decisório na contratação, como já é a questão do fumo.

Qualidade na vida e no trabalho é um tema para o qual tenho sido convidado para falar com uma freqüência cada vez maior. Daí minha urgência em perder dez quilos e ganhar dez anos. Dou-me por feliz por não fumar, não ter fígado flex e nem ser viciado em doces. Portanto é só diminuir a quantidade do que entra pela boca e aumentar o que sai pelos poros. Para isso faço caminhada ouvindo meu i-Pobre, uma versão barata do i-Pod.

A campanha contra o fumo nas grandes empresas vai ganhando características aterradoras. Visitei uma que começou criando uma sala para fumantes, depois um espaço fora de cada prédio e, finalmente, distribuiu quiosques pelas centenas de metros quadrados do terreno onde ficam suas instalações. O passo seguinte foi fazer uma parceria com a chuva e eliminar as coberturas dos pontos.

Agora a empresa está eliminando pontos intermediários para o fumante ser obrigado a caminhar dezenas de metros até o ponto mais próximo. Se correr, dá tempo de acender, tragar uma vez e voltar.

De olho nesse novo padrão de consumo, em breve os fabricantes devem lançar cigarros menores, ou mesmo picotados, para você fumar só um pedacinho. E a indústria da reciclagem vai querer o seu quinhão, lançando maços de bitucas ou baganas remanufaturadas.


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