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Vida, Carreira e mercado – Entrevista Revista Mercado Automotivo

ENTREVISTA

Vida, carreira e mercado

Revista Mercado Automotivo Fui entrevistado pela Revista Mercado Automotivo para matéria sobre vida, carreira e mercado. A íntegra do que falei você encontra aqui.

Mercado Automotivo - Na sua opinião, o perfil dos empresários e profissionais brasileiros ainda é o mesmo daquele de quando você iniciou sua carreira? O que mudou?

Mario Persona - As coisas mudaram e continuam mudando, com a diferença de tudo acontecer cada vez mais depressa. Vivemos numa época quando a carreira ganhou um aspecto diferente daquele que tinha no passado. Há alguns anos você entrava numa empresa e sua carreira era ditada pelo andar daquele ambiente de trabalho no qual você estava inserido. Você trabalhava durante anos e acabava se aposentando. Raramente alguém mudava de emprego ou de empresa, já que sempre existia a oportunidade de crescer em um mesmo lugar.

Hoje, além do aumento da vida útil do profissional do conhecimento -- inclua-se aí qualquer pessoa que não trabalha usando a força ou habilidade física -- estamos vendo uma diminuição da vida das empresas ou pelo menos de suas atividades. Hoje é comum empresas desaparecerem, serem compradas, passarem por fusões ou então mudarem completamente de mercado. O profissional, ou muda junto ou desaparece junto.

Só que quando a empresa morre -- e elas estão morrendo às pencas -- o profissional não morre. Ao contrário, ele ganhou alguns anos de vida profissional, por conta do aumento da expectativa de vida e também de sua crescente necessidade de renda para manter um padrão de vida cada vez mais dependente de um consumo crescente. Então estamos vivendo uma época na qual o profissional deve gerenciar sua carreira sem ter os dois pés na empresa onde trabalha, pois ela está se tornando uma experiência cada vez mais passageira.

Além disso, já não podemos dividir a vida profissional como era antes, quando se trabalhava para atingir um certo patamar e depois se trabalhava para mantê-lo até, digamos os 50 ou 60 anos, quando vinha a aposentadoria. Com trinta e tantos anos de trabalho meu pai se aposentou para cuidar de seus netos, hobbies e simplesmente desfrutar da aposentadoria. Hoje qualquer um já deve ir se acostumando com uma vida útil de trabalho de, no mínimo, 50 anos.

Ou seja, será cada vez mais comum encontrarmos profissionais na casa dos 70 ou 80 anos de idade profissionalmente ativos, já que cada vez dependemos menos de força física para trabalhar. Como o cérebro só melhora a cada dia, ganhando mais conhecimento e experiência, é normal que o mercado também valorize o profissional maduro, que possui a sabedoria dos anos e a percepção da direção a seguir, sem abrir mão do profissional jovem, que tem a adrenalina e ambição necessárias à manutenção da máquina em funcionamento.

Eu diria que hoje um profissional procura abrir caminho na profissão aí por volta da adolescência, mesmo porque profissionais de informação e conhecimento estão atuando cada vez mais cedo no mercado graças à revolução tecnológica do final do século 20. Então ele passa a trabalhar no ritmo que sua adrenalina permite até por volta dos 40 anos, tentando construir uma carreira, uma família e um patrimônio, não necessariamente nesta ordem. É o que podemos chamar de trabalho voltado para a ambição e para atingir metas tangíveis.

Aí é comum vir aquela crise da meia idade, que pode tanto ser uma balançada por se achar velho e incapaz de competir com o sangue novo que corre por aí, como também pode ser um momento de reflexão e de direcionamento consciente da carreira, buscando não mais o sucesso a qualquer preço, mas realizar um trabalho que traga, além de ganho financeiro, um significado para a vida. Isso tende a amadurecer até os 60 anos, quando o profissional assume aquela posição de conselheiro do mercado. Muitos fazem isso por meio de consultoria, palestras ou lançando-se na área acadêmica.

Eu diria que até os 40 estamos mais para champanhe, sob pressão, prontos para atingir as alturas com nossa rolha que às vezes precisa até ser mantida no lugar por aqueles araminhos. Então passamos a vinho, quando o que importa é o envelhecimento controlado, o aroma, a consistência e todas aquelas qualidades das coisas feitas para durar.

Mercado Automotivo - Hoje as pessoas estão mais preocupadas com a saúde e o bem-estar ou há ainda muito que evoluir?

Mario Persona - Creio que esta conscientização seja recente, pois a ciência está encontrando sempre novas formas de prolongar a vida humana. O que a ciência nem sempre consegue fazer é que esse prolongamento seja com qualidade. Portanto a preocupação com saúde e bem-estar deve estar sempre voltada mais para a qualidade de vida do que com o prolongamento da vida apenas. Já que o mercado exige que a gente continue ativo por muito mais tempo do que acontecia com os profissionais no passado, é melhor ir tratando desde cedo de cuidar da máquina que mantém o cérebro funcionando. É claro que uma pessoa saudável é mais produtiva, desde que seja saudável de corpo e mente.

Há também um outro aspecto ligado à onda de saúde e bem-estar que acabou se tornando até uma mania para muita gente. Nossa sociedade tende a ficar cada vez mais egocêntrica e a preocupação com a aparência exerce um poder muito grande na forma como cada um gostaria de ser visto. A possibilidade de se criar padrões de beleza e saúde que vai muito além da realidade também vai criando em nós uma espécie de paranóia para ficarmos parecidos com aquela pessoa que vemos na tela ou na foto, a qual nem real é, graças aos recursos de manipulação de imagem hoje utilizados pela mídia.

Creio que se existe uma evolução nessa área, ela deverá vir da aceitação da normalidade, desde que por normal a gente entenda pessoas dentro de uma condição de saúde e qualidade de vida que pode não significar necessariamente a perfeição estética. Já tivemos tempo suficiente para aprender que a obtenção da perfeição estética nem sempre significa a obtenção de saúde e bem-estar, muito pelo contrário. Os excessos cometidos na busca de se ultrapassar limites podem ter o efeito inverso.

Mercado Automotivo - O que mercados cada vez mais competitivos, clientes e fornecedores mais exigentes, um grande número de informações e as dificuldades do dia-a-dia podem interferir na saúde e vida pessoal do empresário?

Mario Persona - Há alguns anos informação significava poder. Hoje, a inteligência da informação ou a capacidade de discernir essa informação é o que realmente importa. Estamos mergulhados de tal maneira em informação, que já não precisamos nos preocupar em saber. Precisamos sim nos preocupar em discernir. No passado alguém poderia ser louvado por ser uma enciclopédia ambulante, saber um milhão de coisas. Hoje isso seria o mesmo que encher um hard-drive de spam ou e-mails não solicitados. Pode parecer muita coisa, mas se filtrar não sobra nada.

O excesso de informação pode atrapalhar o profissional, principalmente pelo número de possibilidades que hoje temos de acessar e sermos acessados. Estamos passando por um momento de transição, quando o que importa é saber filtrar informações, saber onde procurar e como encontrar, e também dispor de mecanismos para evitar o acesso constante. Também é um momento para aprendermos a lidar com o excesso de opções e começarmos a descartar o descartável.

Por exemplo, por que eu deveria comprar um televisor com centenas de canais e um sem número de possibilidades de interagir com eles se posso ser senhor de minhas escolhas e limitar esse universo? Quem não souber administrar as opções acabará cedo ou tarde escravo delas, o que pode gerar estresse e levar ao inverso da produtividade. Falamos tanto em metas e nos esquecemos de traçá-las para nós mesmos. Não somos infinitos, portanto devemos conhecer nossos limites e agir dentro deles para não colocar nossa saúde em risco.

Conheço executivos que são obrigados a trabalhar muitas horas por dia e freqüentemente nos finais de semana para manter seu cargo e status. Uma análise fria da situação mostraria que subordinados seus, com um ganho muito menor, mas suficiente, desfrutam de uma qualidade de vida muito maior e não são escravos da carreira que tanto penaram para criar. Quando a carreira se torna a meta de nossa vida, então estamos em apuros. A carreira deve ser sempre um meio de vivermos com qualidade.

Mercado Automotivo - De que maneira é possível evitar esses problemas?

Mario Persona - Como já estou do outro lado da montanha, ou seja, com cinqüenta e um anos e dez a mais da época da virada, acho que fico mais à vontade para falar do assunto. É tudo uma questão de fazermos as contas. Qual é minha idade atual? Quanto tempo de vida me resta, na melhor das hipóteses? E na pior das hipóteses? Como pretendo usar esse tempo que resta? É incrível o número de pessoas que encontro que não pensa e nem gosta de pensar nisso. Sabem que tempo é um bem finito, mas preferem seguir adiante como se naquele caso em particular as leis do universo irão funcionar às avessas.

É preciso ter um planejamento, uma meta, um objetivo, do mesmo jeito que fazemos em um negócio qualquer. E até como fazemos em relação a produtos, que evoluem e são substituídos, devemos pensar o mesmo em relação à nossa vida e carreira. Para não cairmos na ilusão de irmos empurrando para mais longe nossos objetivos de uma vida de significado, até descobrirmos tarde demais que não teremos tempo para desfrutá-la.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja emwww.mariopersona.com.br

 


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