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Trombeteando a cuíca – O marketing social e a Internet

CRÔNICAS DE NEGÓCIOS

Trombeteando a cuíca

MARY STUART é uma americana típica de meia-idade. Bem, digamos que minha amiga está mais para a terceira ou quarta metade da idade. E que também não seja tão amiga assim, já que só a conheço pelo caso contado por um amigo comum. Só o nome eu inventei, para proteger sua privacidade e tornar verossímil a verdade.

Ela e duas amigas da mesma geração -- "the girls", como Mary as chama -- saíram às compras, no melhor estilo americano e com chapéuzinhos quase idênticos. Depois de abastecido o porta-malas do velho Oldsmobile de coloridas sacolas, partiram para o almoço habitual no restaurante usual.

Trafegando por uma tranqüila rua arborizada, ouviram um"Thump!". Aproveitando os recursos multimídia que a moderna onomatopéia inglesa oferece, o som seguinte foi um"Bump!". Quem estivesse fora do carro, teria escutado um"Smash!". O último som que escutou o gato na última de suas vidas.

Os octogenários olmos daquela Elm Street imaculadamente limpa evitaram olhar. Qualquer folha derrubada à guisa de lágrima mancharia a rua. As senhoras, tão idosas quanto as árvores, e asseadas quanto o asfalto, decidiram levar o gato -- numa sacola de grife -- para enterrar no quintal. O féretro seguiu até o restaurante, onde deixaram a sacola sobre o capô para evitar mau cheiro.

Não sei se aqui teríamos igual cuidado. Em algumas ruas seria difícil identificar o gato do resto. A preocupação com a limpeza pública nos países do norte vem de toda uma cultura de cuidado com o bem comum. Uma preocupação com o social que vai impregnando empresas de lá e daqui. Com ou sem sacolas de grife.

Mas como é que o social chega a comover grandes corporações que saem por aí plantando árvores, cuidando de crianças ou distribuindo casas? Segundo Adam Smith, "não é pela benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que nos é garantido o jantar, mas pelo egoísmo deles". Ou empresas existem para quê?

Ah, sim. Existe a pessoa física do empresário, com motivos humanos para limpar a consciência importunada pela fumaça das chaminés e que tira da rua os gatos que atropelou ou não. Neste caso, é ao pequeno preocupado com o social que cabe o crédito real. O pouco que ele faz é muito, se comparado às grandes corporações e valerem as intenções. Para ele, será difícil recuperar o que gastar para reparar o bem-estar.

Acompanhe meu raciocínio, mas não muito de perto, pois posso estar errado. Quando o grande investe milhões no social, investe outros milhões no marketing do social. Que revertem em duplos milhões para sua razão social. Dá, toca trombeta, arrecada. "Play it again, Sam".

Quando o pequeno investe seus centavos no social, fica sem ar para tocar trombeta e capitalizar em cima da ação. Nenhum outdoor nem reclames na TV. Para as liliputianas, marketing social significa contas a pagar, nunca a receber. Dinheiro jogado no olvido por empresários sem boca. Pergunte ao Aurélio se achar que errei.

Mas com a Internet é possível fazer marketing social sem atropelar o orçamento. Seu grande poder de propagação tira som de trombeta até de pele de cuíca. Os gatos que me perdoem. Nela você consegue imantar sua ação e atrair simpatizantes que passem sua sacola e grife de mão em mão. É claro que alguns irão levá-la por mero interesse, como predadores da boa ação alheia. Como no estacionamento.

Pela vidraça, as velhinhas viram a madame chegar de carrão, colares e anéis. A sacola de grife esquecida sobre o capô atraiu o rímel de seus olhos. Discretamente passou a mão na alça e entrou no restaurante sem perder o charme. Pousou a sacola no chão ao lado e enfiou a mão, tateando a pele de seu interior. Uma estola?

Sobre os chapéuzinhos das velhinhas o balãozinho dos pensamentos era um só: "I can't believe!". Então a cor do rosto da madame ficou cada vez mais distante do sangue que via em seus anéis. "SQUEEEEAAAAK! Crash! Smash! Crack!..." No restaurante, foram muitos os ruídos anglo-saxônicos que se seguiram ao grito de cuíca e desmaio da madame.

Antes que todos terminassem de exclamar "Oh my gosh!", ou você conseguisse dizer "through unconstitutional means", os para-médicos chegaram e ataram a mulher à maca. Acomodaram cuidadosamente sobre sua barriga a sacola, que julgaram conter os pertences da desmaiada, e dispararam rumo ao hospital. Seguidos por três pares de olhinhos que sorriam brejeiros.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja emwww.mariopersona.com.br

Esta crônica de Mario Persona pode ser publicada gratuitamente como colaboração em seu site, jornal, revista ou boletim, desde que mantidas na íntegra as referências acima. 


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