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Trabalhar em casa – Home-Office – Entrevista com Mario Persona para o Correio Braziliense

ENTREVISTA

Trabalhar em casa - Home-Office

P - Trabalhar em casa traz quais vantagens?

Mario Persona - Isso depende muito do tipo de atividade e do profissional. Geralmente a vantagem maior é a redução de custos, e muitas empresas e profissionais liberais adotam o modelo por esta razão. Uma empresa que tenha pessoas que possam fazer o seu serviço em qualquer lugar pode economizar em instalações quando adota o regime de home-office para parte de sua equipe.

Para o profissional liberal isso pode significar além da redução de custos com aluguéis e instalações, uma grande economia de tempo. As horas que ele ficaria no trânsito indo e voltando do local de trabalho podem ser transformadas em horas produtivas.

Outra vantagem é poder organizar seu tempo de acordo com sua produtividade. Há pessoas cujo trabalho rende mais à noite, enquanto outros têm na manhã seu período mais produtivo. Quando se estabelece um horário único para todos essas diferenças não são levadas em consideração e com isso pessoas talentosas acabam ficando frustradas por sua baixa produtividade, sem perceber que estão trabalhando em um período inadequado para o seu biótipo.

Embora se considere o trabalho em home-office como algo relativamente recente e associado às novas tecnologias da informação, a verdade é que o trabalho em casa sempre foi uma prática comum na história da humanidade.

Os artesãos do passado trabalhavam em casa, e a revolução industrial japonesa do pós-guerra teve no home-office um aliado importante. Todos os dias os caminhões saíam das fábricas carregados de transistores e outras peças que eram distribuídas pelas residências. No final do dia os caminhões voltavam a passar para recolher os rádios de pilha acabados.

Moro em Limeira, no interior de São Paulo, onde existe uma importante indústria de bijuterias. Não raro você encontra pessoas trabalhando em casa no mesmo esquema, recebendo as peças, montando e devolvendo o produto acabado para a indústria. É claro que isso pode não acontecer numa indústria de caminhões, mas para produtos pequenos que exigem uma grande parcela de trabalho manual, o home-office é perfeito.

Outra vantagem está na ampliação da população profissionalmente ativa que o home-office permite. Pessoas com dificuldades de locomoção ou em idade avançada podem trabalhar normalmente sem sair do conforto de seu lar.

P - A pessoa não corre o risco de ficar entediada, deprimida por se afastar dos contatos sociais? O que ela deve fazer para isso não acontecer?

Mario Persona - Isso pode acontecer sim, por isso é importante que procure manter contatos com colegas da profissão, freqüentar eventos de seu segmento ou até manter parcerias como forma de estímulo e motivação. Felizmente a tecnologia permite que eu converse com dezenas de pessoas e até as veja na tela sem sair de casa. É comum eu ter uma dúvida relacionada a alguma de minhas atividades e pedir a opinião de algum colega virtual que nunca encontrei pessoalmente.

Por incrível que pareça, olhar para a lista de pessoas que estão conectadas ao Skype no momento em que trabalho dá uma certa segurança, algo como você saber que na mesa ao lado tem alguém e que se você tiver dúvidas ou quiser fazer algum comentário poderá encontrar um par para conversar das coisas da profissão.

P - O senhor chama atenção para o problema dos recados. A empregada doméstica não é a melhor opção para os recados e sugere a terceirização. Como isso funciona? Não sai caro? Há necessidade realmente disso? Não seria melhor a pessoa deixar recado online e o senhor retornar?

Mario Persona - Há várias maneiras de se resolver essa questão, que é importantíssima para quem trabalha como profissional liberal. Em minha atividade, que hoje se concentra mais em palestras e treinamentos, mas que também envolve consultoria, é sempre o cliente quem me procura e não o contrário.

Para isso criei um site que facilita o contato por email ou preenchendo formulários de perguntas. Tenho clientes com os quais só tive um contato verbal no dia do evento. Tudo foi feito por e-mail e, dependendo do caso e da urgência, não ocorre nem mesmo o contato verbal por telefone. É claro que para isso é importante considerar o e-mail uma ferramenta de alta prioridade na comunicação.

Portanto, o primeiro passo para quem trabalha em home-office é tentar reduzir o número de contatos síncronos como pessoais e por telefone, e aumentar os contatos assíncronos, como e-mail e mensagens. O primeiro exige que ambos interlocutores estejam disponíveis para ocorrer o contato, e o segundo não. Um consultor pode passar boa parte do dia ocupado em reuniões com um cliente e, portanto, impossibilitado de atender ligações, daí a necessidade de saber explorar bem o potencial da comunicação assíncrona.

Mas o telefone é indispensável em muitos casos, daí ser preciso ter um serviço de atendimento. Secretárias eletrônicas podem frustrar o cliente que liga ou criar uma imagem de indiferença, pois ele pode achar que o profissional está lá sim, mas apenas não quer ser incomodado. É grande o número de clientes que não deixam recados em secretárias eletrônicas e preferem ligar para a segunda opção de sua lista de fornecedores de serviços.

Não acho correto envolver a empregada doméstica no atendimento, porque isso configuraria trabalho comercial, o qual possui regras e faixas salariais próprias. Não posso contratar alguém para o trabalho de faxineira e exigir que ela trabalhe como secretária ganhando a mesma coisa.

Pode existir ainda a dificuldade da própria empregada doméstica não estar habituada ou preparada para fazer um atendimento telefônico ou anotar recados. Além disso a comida pode queimar, enquanto ela sai à procura de caneta e papel. Em casa tenho duas colaboradoras que eventualmente atendem algum telefonema de clientes que descobrem meu número residencial. Tudo o que elas fazem é dar o número de meu atendimento ou de meu celular.

Há quase dez anos utilizo atendimento terceirizado. Comecei com uma assessora que fazia meu atendimento e também negociava preços e condições trabalhando também em home-office a 70 quilômetros de onde moro. Depois utilizei uma empresa de call center onde havia uma funcionária especialmente designada para fazer o meu atendimento, e mais tarde uma empresa de escritório virtual, que oferecia um atendimento apenas para recados, mas proporcionava a possibilidade de usar salas de reunião. Atualmente meu atendimento é feito por uma assessora que também trabalha em home-office.

Em cada modalidade que utilizei encontrei vantagens e desvantagens, mas acredito que para a atividade que exerço o melhor mesmo é ter uma assessora que não apenas faça apenas um atendimento receptivo e convencional, mas que tenha capacidade de negociar preços, reservar vôos e hotéis, e tomar decisões na minha ausência. Além disso minha assessoria faz um atendimento ativo, mantendo um acompanhamento das propostas e organizando meus compromissos na agenda. Não raro meu atendimento precisa negociar datas e organizar os horários dos vôos para eu poder atender mais de um cliente em lugares diferentes dentro de um prazo bastante limitado.

Assim como há várias modalidades de atendimento terceirizado, há também diferentes custos e modalidades de remuneração. Quem precisa de uma infra-estrutura de atendimento, instalações físicas e endereço postal vai preferir uma empresa de escritório virtual que oferece tudo isso. No meu caso, em que raríssimas vezes preciso de instalações físicas para reuniões, é suficiente o atendimento telefônico. O pagamento pode ser fixo, por porcentagem sobre negócios realizados ou ambos.

P - O trabalho em casa rende para quem tem família, filhos pequenos, babá, empregada, enfim, uma casa movimentada? 

Mario Persona - É importante ter uma infra-estrutura adequada, pois seria péssimo ligar para um cliente com um cachorro latindo ao lado, o bebê chorando no berço e o aspirador de pó funcionando a mil. A falta de infra-estrutura pode comprometer não apenas o trabalho do profissional, mas as próprias relações familiares.

Se o trabalho interferir na família e a família no trabalho, é hora de procurar um cantinho mais adequado à atividade. É claro que isso depende muito do tipo de atividade. Alguém que tenha uma oficina artesanal em casa pode se dar muito bem trabalhando na mesa da cozinha, já que provavelmente possua um contrato para fornecer para alguém. Quem trabalha com vendas talvez nem pare em casa, pois estará sempre indo de um cliente para outro e seu escritório será o carro, o aeroporto, o hotel ou a sala de espera de outro cliente.

Mas, se o trabalho exigir concentração e silêncio, o melhor mesmo é que a casa tenha um cômodo reservado para quem trabalha. Mesmo assim os outros membros da família precisam entender que aquele quarto é a empresa da família e é dali que sai o sustento de todos. Portanto o filho adolescente que quer aprender a tocar bateria no quarto ao lado vai ser obrigado a esperar pelo momento mais adequado para isso.

P - Preciso do nome completo do senhor, idade, profissão e desde quando trabalha no sistema home office? E qual a cidade que o senhor mora atualmente.

Mario Persona - Há muitos anos trabalho como tradutor e atualmente apenas para livros acadêmicos das áreas de administração, marketing e comunicação, que me mantêm atualizado para o trabalho com palestras e consultoria. Portanto, mesmo quando tinha outras atividades trabalhando em empresas eu já fazia traduções em casa nas horas vagas. Creio que isso ajudou a criar uma cultura de home-office tanto para mim como para minha família. Moro e trabalho em Limeira, SP. Em meu apartamento tenho um escritório equipado com tudo o que preciso, e meu atendimento é feito por pessoas que moram do outro lado da cidade, também em home-office, mas com as quais mantenho contato permanente por telefone e Skype.

Entrevista concedida ao Correio Braziliense em 26/08/2008.

Entrevistas como esta costumam ser feitas para a elaboração de matérias, portanto nem tudo acaba sendo publicado. Eventualmente são aproveitadas apenas algumas declarações do entrevistado. Para não perder o que eu disse na hora, costumo gravar ou dar entrevistas por escrito. A íntegra do que foi falado você encontra aqui. Se achar que este texto pode ajudar alguém, use o formulário abaixo para compartilhar.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja emwww.mariopersona.com.br


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