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SUPEREXPOSIÇÃO – Entrevista para o Jornal Agora São Paulo

ENTREVISTA

SUPEREXPOSIÇÃO

Fui entrevistado pelo Jornal Agora São Paulo para uma matéria sobre a superexposição dos atores na TV. A íntegra da entrevista você encontra aqui.

Jornal Agora São Paulo: Atualmente, há alguns atores que estão no ar em mais de uma novela ao mesmo tempo, por conta de reprises. De alguma forma, podem ser vítimas de superexposição?

Mario Persona: A superexposição é um assunto controverso, porque depende muito do artista, de período de sua carreira e de quem pode ter a impressão de uma superexposição, seu público ou quem o contrata. Um ator em início de carreira deve ter uma boa exposição na mídia, pelo simples fato de não ser ainda conhecido e precisar criar uma marca ou impressão, tanto no público como nos que irão pagar seu cachê.

Veja que hoje já é possível um artista novo ser reconhecido pelo público bem antes de ser descoberto pela TV ou, se for cantor, pelas gravadoras. É que com o deslocamento do poder de broadcast dos grandes conglomerados para o indivíduo, novos talentos estão surgindo na Internet, sendo reconhecidos publicamente para, só depois, serem absorvidos pela mídia convencional.

Então um artista que esteja começando vai querer, e com toda razão, se expor. Porque se ele não estiver em destaque, ninguém se lembrará dele na hora de contratar. Depois que ganhou alguma relevância em seu mercado, aí sim precisará administrar sua exposição, mas muito mais em termos de qualidade do que de quantidade. Se antes ele estava disposto a aparecer em qualquer entrevista de qualquer rádio, TV ou veículo impresso, agora deve fazer uma seleção daqueles meios que agregarem valor à sua marca.

O exemplo que você deu (estar numa novela e numa reprise ao mesmo tempo) nem sempre é algo sobre o que o artista tem controle. Aqueles que já conquistaram seu espaço podem criar dispositivos contratuais que impeçam esse tipo de exposição, mas é algo muito difícil se pensarmos em um artista de cinema, por exemplo, que às vezes está em dois ou três filmes simultâneos em canais de TV a cabo. Ele não pode controlar isso.

Outro ponto importante a ser levado em conta é que às vezes o que é chamado de superexposição é, na realidade, falta de criatividade e inovação. Isto é mais comum em cantores que, por estourarem nas paradas, são até forçados pela própria ganância do mercado a lançarem um CD após outro e a estar em todos os canais para aproveitar a onda favorável. É claro que ninguém é criativo e inovador o tempo todo, então o que parece ser superexposição é, na verdade, uma mesmice repetitiva.

Veja o caso dos apresentadores de noticiários. São artistas também e superexpostos pois precisam estar todos os dias na tela e o público reclama quando tiram férias. O que acontece? Sua imagem, ao contrário de um ator de novela, precisa ter muito mais a característica da credibilidade e isto não se consegue com picos do tipo aparece e desaparece. É uma imagem construída pouco a pouco, num incremento que parece não ter fim, pois alguns trabalham até à velhice. Além disso, seu "produto", se podemos chamar assim, é a notícia, sempre nova.

É um caso semelhante ao dos apresentadores de programas de TV, cujo papel não é tanto ser algo diferente a cada vez, mas trazer uma atração diferente. Então sua forma de apresentar, sendo agradável e interessante, será apenas a ponte para onde o público quer chegar, que são as atrações que ele apresenta.

Alguns estão por aí desde o tempo em que eu era criança. O que acontece? Eles podem até inovar ou ter criatividade, mas também existe um outro aspecto que é o da variabilidade de público. Se eu o assistia quando criança e hoje não assisto mais, as novas gerações de crianças continuam a ser cativadas por ele. Por isso que programas como o Chaves parecem não sofrer de superexposição. Quando seu público já se cansou dele, outro público nasceu e virou fã.

Existe também a superexposição como argumento ou desculpa de artistas que não conseguem mais encontrar uma brecha na grande mídia. Então alegam estar dando um tempo para evitar superexposição, o que não passa de desculpa para não ter de reconhecer que ninguém mais está interessado no que ele diz ou faz.

Jornal Agora São Paulo: Apesar de serem muito expostos, isso pode ter algum ponto positivo, como por exemplo, mostrar a versatilidade do ator em papéis muito diferentes?

Mario Persona: Acho que divaguei e acabei saindo de seu tema que são os atores de novela, mas acredito que o que disse poderá dar uma visão mais ampla do tema. Voltando aos atores de novelas, sim, estar em diferentes papéis simultâneos pode revelar sua versatilidade. A maioria não fica só na TV mas faz teatro e cinema simultaneamente, embora apenas o teatro seja imediatamente consumido, ao contrário do cinema que pode levar meses ou anos até a exibição.

A grande dificuldade do artista de novela é que ele nunca sabe quando terá outra chance. Tirando aqueles já consagrados, muitos são vistos apenas uma vez e nunca mais. Porém, existe no público um desejo cada vez maior por novidade, e é por isso que as emissoras não estão mais querendo contar apenas com as figurinhas já carimbadas - é preciso experimentar novas fórmulas, novas figurinhas. Essa facilidade com que novos rostos entram em cena é também uma ameaça para os rostos não tão velhos assim, que se vêem ameaçados de não conseguirem retornar.

Este fenômeno tem também sido percebido no mercado de livros, antigamente mais conservador e fechado, procurando manter um rol de autores consagrados. Hoje ninguém sabe quando pode surgir um novo Harry Porter, por isso o jeito é abrir mais a guarda e deixar entrar um pouco de tudo para sentir a reação do público.

Jornal Agora São Paulo: Já que os atores não podem evitar as reprises, uma vez que a emissora pode exibir a novela quantas vezes quiser, que conselhos você daria a estas pessoas, para se preservarem?

Mario Persona: No caso da TV, fico pensando no que pode acontecer de agora em diante com a entrada em cena de sites como o YouTube, o Revver, o Blip.tv e outros, oferecendo espaço para novos talentos. Quando você vê novos atores, cantores ou comediantes surgindo do nada e imediatamente conquistando, não centenas, mas milhões de fãs, é melhor começar a rever os conceitos de superexposição que tínhamos até outro dia.

Até recentemente eu nunca tinha ouvido falar de um comediante chamado Judson Laipply e o rapaz tem quase 33 milhões de exposições só no YouTube. Você conhece algum ator que possa dizer que apenas uma cena sua foi vista por mais de 30 milhões de pessoas? Quem causou sua superexposição? O público.

Há um desdobramento para este caso que é importante levar em conta. Se antigamente o ator era capaz de administrar sua exposição, hoje já não pode mais. Quem manda em sua exposição é o mercado, que multiplicará mais ou menos sua obra de uma forma que poderá fugir ao seu controle.

Mas, obviamente, o que será multiplicado será a nata daquilo que ele sabe fazer, o ouro de sua atuação. Isso é bom ou ruim? Partindo do princípio que ele ficou mais exposto porque seu público quis assim, e não foi uma estratégia de vendê-lo ao máximo para ganhar tudo de uma vez, então é bom. Caberá ao artista, dentro dos meios que ele pode controlar, saber medir o quanto o seu público está ansioso ou cansado de sua imagem.

 

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja emwww.mariopersona.com.br 


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