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Slow is beautiful

Slow is beautiful
por Mario Persona

Quando escolhi o título estava pensando em outro parecido, o do livro "Small is Beautiful". Em 1995 o suplemento literário do The London Times colocou "Small is Beautiful na lista dos 100 livros mais influentes do pós-guerra.

Em minha cabeceira, na década de 70, havia também outro best-seller, enorme e ilustradíssimo, o "Whole Earth Catalog". Steve Jobs chamou o livro de Google encadernado. As duas obras apontavam numa mesma direção: a criação de uma sociedade sustentável.

Cheguei a importar estes e outros livros de contracultura e tecnologias alternativas que não existiam no Brasil, só para fundamentar as idéias que defendia na faculdade de arquitetura. Naquele tempo ainda tinha gente encantada com Brasília e seus mausoléus de vidro, concreto e mármore. Um macrobiótico, magrinho, com óculos de Gandhi e camisão de pano de saco de farinha, falando de projetos envolvendo recursos renováveis e preservação do ambiente era marginal ao status quo da época.

Mais de trinta anos depois de minha fase bicho-grilo eu continuo preocupado com a escassez de recursos, principalmente com um recurso que vai ficando cada vez mais escasso para mim: meu tempo. O tempo passa, quer eu faça alguma coisa com ele, quer não. Não posso pará-lo, estocá-lo ou encomendar mais. O que passou, passou.

Apesar de não poder administrar o recurso tempo, posso decidir como executar as tarefas enquanto ele passa. As importantes devem vir primeiro. Mas o que é importante? Depende de como eu encaro minha grande tarefa, aquela que vou terminar quando meu relógio cardíaco, que começou com um "tic", fizer o último "tac".

Aproveitando a crise mundial, que pisou compulsoriamente no freio de nós todos, decidi repensar minhas prioridades e o tempo que devo dedicar a cada uma delas. Posso engolir o cafezinho num gole apressado, ou posso deixar que cada molécula aromática namore cada papila gustativa de minha boca. Sabe quanto tempo vou perder fazendo assim? Sabe quanto prazer e disposição vou ganhar? É disso que estou falando.

Quando achei o resto de creme de barbear que meu filho esqueceu em casa, decidi voltar a desfrutar da magia de fazer a barba com lâmina. O barbeador elétrico vai continuar à mão para viagens e barbas corridas, mas entre as escolhas de como pretendo utilizar meu tempo, incluí o ritual da barba.

Você pode escolher o ritual que quiser - do café, do pentear, do caminhar - o conceito é o mesmo. A idéia é fazer as pequenas coisas ficarem belas, desfrutando melhor do tempo que bem ou mal dedicamos a elas. Isso nos recompõe para enfrentarmos as outras tarefas que não deixam muita margem ao prazer.

O barbear com lâmina é um mundo de sensações. Primeiro vem o milagre da espuma que surge de um dedinho de creme. Eu seria incapaz de fazê-la caber de volta no tubo. Então começa a massagem... ah! e que massagem. Não há nada como sentir cada cerda do pincel deslizando pelo rosto e acalmando os fios da barba como se dissesse a eles: "Não se preocupem, vai dar tudo certo".

Aí é a vez da lâmina esquiar, deixando o seu rastro nas montanhas de creme. Ui! É mais gostoso se for perigoso. E o som, você já prestou atenção no som? Ao lado do rosto a lâmina passa em Si Menor. Já o escanhoar debaixo do queixo é em Dó Maior. Tente você descobrir o seu tom. Depois é hora de enxaguar e enxugar. Aaahhh... refrescante. Cada poro da pele de meu rosto exala a menta.

Isso é administrar o tempo. Fazer as mesmas coisas que você faz, só que de outra maneira. Tentar extrair delas o máximo, não só de resultados, mas de prazer e qualidade. Qualquer um pode fazer isso. Bem, menos as mulheres, na parte da barba, e não deve ter graça nenhuma depilar as pernas com cera quente.

O título "Slow is beautiful" veio a calhar. A idéia é essa, como em "Small is beautiful", que foi lançado no Brasil com o infeliz título de "O negócio é ser pequeno". Por favor, não tente traduzir meu título para "O negócio é ser lento". Não foi isso que eu quis dizer.


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