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QUANDO O HOBBY VIRA NEGOCIO – Entrevista de Mario Persona – Revista UMA

ENTREVISTA

TRANSFORMAR O HOBBY EM NEGÓCIO

O que leva uma pessoa a transformar o seu hobby em trabalho?

Mario Persona - Acredito que a primeira razão é a paixão. Quando gostamos de algo, queremos que outras pessoas também passem a gostar daquilo ou a usufruir de seus benefícios. É por isso que quem gosta de cozinhar adora ter a casa cheia de convidados, quem gosta de pescar convida todo mundo para seu barco ou pesqueiro, e quem gosta de trabalhos manuais vive presenteando parentes e amigos com seu artesanato.

Uma característica de um hobbysta é ser capaz de gastar o que tem e o que não tem com aquilo que gosta. É aí que mora o perigo de quem transforma seu hobby em negócio. A maioria não tem noção de quanto vale aquilo que sabe fazer, porque sua percepção de valor está no prazer que lhe dá fazer aquilo, e não exatamente no preço que as pessoas deverão pagar por isso. Por esta razão muitos negócios de hobbystas acabam não sendo lucrativos.

Como fazer o seu negócio prosperar quando se tem o objetivo de trabalhar com aquilo que se gosta?

Mario Persona - Primeiro o hobbysta precisa despir-se do hobby e olhar o mercado de forma imparcial. Será que na região onde ele mora alguém irá querer comer o escargot que ele cria com tanto carinho? Existe infra-estrutura para instalar sua pista de kart? Será que alguém iria pagar para ler os livros de poesias que ele adora escrever? Em suma, estas e outras perguntas ele deve fazer em seu plano de negócio, que deve ser elaborado da forma mais imparcial possível.

Na década de 80 conheci um carioca entusiasta da boa forma que abriu uma academia de ginástica super equipada em uma cidadezinha de pioneiros no interior do Mato Grosso. Só depois que os equipamentos estavam instalados e as paredes estavam cobertas de caros espelhos que ele descobriu que a população fazia ginástica o dia inteiro, na enxada ou correndo atrás dos bois. Ninguém estava interessado em pagar para suar depois do expediente.

Na mesma cidadezinha havia uma sorveteria toda equipada, montada por um paulista que achou que vender sorvete em um lugar quente como aquele seria um grande negócio. Curiosamente ninguém ainda tinha tido aquela grande idéia, por isso ele investiu pesado em equipamentos de fazer sorvetes. Depois de instalada sua sorveteria de equipamentos novíssimos ele descobriu que a energia elétrica da cidade, produzida por geradores, só estava disponível durante algumas horas da noite. Quando o sorvete começava a congelar a energia era desligada.

Que conselho você daria para quem enxerga no hobby uma oportunidade de ganhos?

Mario Persona - O primeiro passo é buscar ajuda profissional para desenvolver um plano de negócio. Isso vai depender do porte do negócio, pois o novo empreendedor pode tanto contratar uma empresa de consultoria, um consultor independente ou recorrer ao SEBRAE, que tem ajudado muitos pequenos e médios empreendedores a iniciarem um negócio lucrativo e com os pés no chão.

O entusiasta ou especialista em um hobby deve ter em mente que, apesar de entender muito daquela atividade que pretende exercer, isso não significa que ele entenda de marketing, administração e finanças. Por isso precisa procurar a ajuda de quem entende. Todo negócio, independente do segmento, funciona à base de três competências principais: administração, execução do trabalho e visão ou marketing. O primeiro controla, o segundo põe as mãos na massa e o terceiro planeja e aponta o binóculo para o futuro.

Como saber a hora de deixar o trabalho de lado para investir em seu hobby?

Mario Persona - Isso vai depender muito da condição da pessoa. Se alguém tem condições de se manter sem depender de seu próprio negócio, então será fácil partir para a realização de seu sonho. Mesmo assim o hobbysta deve ter em mente que irá precisar investir, porque dificilmente um negócio pode ser iniciado sem investimento.

Dependendo do hobby é possível iniciar com um mínimo de investimento. Por exemplo, alguém que tenha paixão por moda, pode iniciar uma carreira de consultoria, decoração de lojas ou coisas semelhantes que não exijam instalações, estoques, empregados ou equipamentos. Sua matéria prima é o seu conhecimento e o local de trabalho é o do cliente.

A pior situação é quando o novo negócio exige instalações físicas, maquinário, estoque e empregados. Qualquer novo empreendedor deve procurar fugir de um ou todos estes requisitos ao iniciar um novo negócio, ou pelos menos fazer de forma a precisar investir muito pouco neles.

Quando não for o caso de ter condições de largar tudo para trabalhar no novo negócio, o melhor é continuar trabalhando em sua profissão atual e tentar ir aos poucos ampliando sua nova atividade. Quando alguém possui um hobby isso quer dizer que a pessoa já emprega um tempo considerável nisso, talvez à noite ou nos finais de semana. O primeiro passo é continuar empregando esse mesmo tempo, mas agora visando o lucro. Isto pode significar que, ao invés de fazer roupas ou bordados apenas para si mesma ou para presentear as amigas, continuará fazendo a mesma coisa, mas com a finalidade de vender. Quero dizer que ela já tem a produção, agora precisará investir em comunicação e parcerias para colocar essa produção nas lojas.

Como deve ser essa transição de carreira?

Mario Persona - A transição deve ser feita com três olhos: um no trabalho atual, que não pode ser negligenciado, outro na nova carreira e outro no lucro. Todo novo negócio leva alguns meses até deixar de ser deficitário, o que é normal. Mas se não tiver um bom plano ele nunca vai ser lucrativo, não importa o quanto se invista nele. Quem viveu a época da bolha na Internet aprendeu que não basta ter dinheiro para investir se não existir um mercado real para o que se deseja vender. Muitas empresas gastaram milhões antes de perceberem que estavam em um negócio inviável.

Uma opção para quem deseja fazer essa transição de carreira pode ser buscar um outro emprego que lhe dê mais tempo de sobra para trabalhar no novo negócio. Um novo emprego pode significar um ganho menor, mas pelo menos será possível investir naquilo que se pretende ter como única atividade no futuro. É evidente que negócio nenhum será feito sem alguma dose de sacrifício.

E quando o próprio trabalho vira um hobby, o que fazer?

Mario Persona - Aí pode ser o melhor dos mundos, pois estaremos naquilo que se costuma chamar de ócio criativo. Gostamos tanto do que fazemos que nem mais chamamos isso de trabalho, mas de prazer. O perigo neste caso é se deixar levar e acabar perdendo a noção da realidade, permitindo que o trabalho acabe virando um hobby mesmo, isto é, uma atividade sem fins lucrativos, com a qual a gente gasta muito e não ganha nada.

Entrevista concedida à Revista UMA em 22/04/2010 .

Entrevistas como esta costumam ser feitas para a elaboração de matérias, portanto nem tudo acaba sendo publicado. Eventualmente são aproveitadas apenas algumas frases a título de declarações do entrevistado. Para não perder o que eu disse na hora da entrevista, costumo gravar ou dar entrevistas por escrito. A íntegra do que foi falado você encontra aqui. Se achar que este texto pode ajudar alguém, use o formulário abaixo para compartilhar.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja emwww.mariopersona.com.br


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