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Pra quê mudar, mudar pra quê?

CRÔNICAS DE NEGÓCIOS

Pra quê mudar, mudar pra quê?

No mercado norte-americano do século dezenove, fabricar velas era um bom negócio. A demanda estava aquecida, mas tinha pavio curto. Logo Thomas Edison daria à luz uma vela cujo pavio não apagava com o vento. Tão revolucionária que tiraria da vela tradicional a sua fatia do mercado de iluminação. Esta acabaria sem a fatia, mas com o bolo. Só que de aniversário.

A indústria de velas viu seu lucro virar fumaça. Nem a ver navios ficou, já que o vapor tinha aposentado aquela vela também. O próprio vapor já começava a se desvanecer, levado pelo vento dos motores a óleo e gasolina que passavam a mover navios e trens. Ou automóveis, com potência calculada em cavalos-vapor, ambos defuntos na evolução tecnológica, e pistões impulsionados por... velas! Parece confuso? Mudanças são assim. Parodiando um autor desconhecido, o progresso caminha de velório em velório.

Negócios acostumados com um sucesso linear são presa fácil das mudanças. Repousam sobre os resultados do aqui e agora, sem se importar com o ali e depois. Não percebem que quando o Sol se apagar ainda teremos oito minutos de praia, o tempo que a luz leva para viajar à Terra. Enquanto se bronzeiam num mercado em ebulição, alguém está inventando a lâmpada que selará sua extinção. Para apagar a velinha de seu último aniversário.

Lucro não é salvaguarda. De tanta prata, o vidro transparente da janela que permitia enxergar o mercado acaba virando espelho. Aí Narciso se esbalda com o reflexo de sua própria competência. Geralmente começa com uma direção embasbacada e contamina a produção. Quem irá dizer ao chefe que é preciso mudar? Todos preferem continuar fazendo pós-graduação em bajulação.

Há quem pense que mudar é comprar. Por isso, quando as coisas vão mal, compram, fundem e incorporam. Mesmo correndo o risco de uma obesidade mórbida, o peso que tem seu preço. Que também costuma ser pesado. Números que repentinamente duplicam, triplicam e quadruplicam podem impressionar investidores desavisados, mas em alguns casos não passam da visita da saúde. Os últimos estertores do moribundo.

Mudar também não é pular de estratégia em estratégia, sem paciência para esperar o galho parar de balançar. Isso gera confusão na cabeça da equipe, que vê cada nova direção como faz-de-conta. Desmotiva quem produz e desmoraliza quem conduz. Mudar é preciso. Vivemos numa época que não é só de qualidade contínua, mas de mudança contínua. Só que mudar por mudar é demolir sem construir. A diferença entre mudar para o fracasso ou sucesso fica por conta da criatividade.

De exemplos de mudança com criatividade o mercado está cheio. Empresas que mudaram radicalmente, mas nem tanto quanto o treinador que prometeu fazer seu time dar uma guinada de 360 graus, o que o colocaria no mesmo lugar. Em 1906 a Minnesota Mining and Manufacturing começava a partir de uma mineração falida, da qual só restavam resíduos de minério e pó. Alguém resolveu grudar aquele pó em folhas de papel e vender como lixa. Do pó renascia uma Fênix dos tempos modernos, transformando-se na gigante 3M, que incorporou uma cultura de inovação constante.

Às vezes a solução pode vir de um incidente com prejuízo aparente, como o causado por um operário da fábrica de velas que deixou sua máquina ligada ao ir almoçar. A matéria prima para sabão, um novo produto para compensar o apagão das velas, virou uma massa cheia de bolhas de ar. Se ainda fosse para fabricar velas, teriam inventado a velinha de bolo que já vem com sopro. Mas como era para sabão, decidiram não desperdiçar a produção. Sucesso absoluto.

No século dezenove, quando o rio ainda era o tanque de lavar roupa e a banheira de muita gente, o sabão -- que sabidamente é liso como tal -- podia ser considerado perdido se escapasse da mão. Sem querer, aquele operário acabara de inventar o sabão que boiava, graças à massa areada. O rio inteiro virou saboneteira. O "Ivory Soap" foi um sucesso tão grande que desbancou a decadente vela da linha de produtos da empresa fundada em 1837 por James Gamble e Harley Procter. A Procter and Gamble aprendia a importância de mudar e inovar.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja emwww.mariopersona.com.br

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