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O terceiro lado da moeda

O terceiro lado da moeda
por Mario Persona

O terceiro lado da moeda

Alguém me escreveu falando da vantagem que leva os EUA sobre outras nações, por ter uma moeda forte, um idioma forte, uma história forte, um braço armado forte etc. Pobres de nós, então? Vamos divagar devagar para analisar.

Nações são entidades em uma competição global, como há entidades (empresas) que competem dentro de uma nação, cidade ou mercado. Vejo muitos empresários se queixando (será inveja?) de outros que deram certo. É claro que há fatores que favorecem os mais altos a jogar basquete, mas há excelentes jogadores baixinhos. Como conseguem?

Nos EUA havia (como no Brasil) milhares de garotos montando micro para vender. É verdade, micro montado não foi invenção do paraguaibando brasileiro. Todavia, dentre milhares de garotos americanos montando micro na garagem, um se chamava Michael Dell e sua garagem não tinha nada de especial. Por que este deu certo e os outros não? Competência, criatividade, visão, garra, determinação - você escolhe.

Hoje há empresas competindo globalmente, apesar dos EUA. Por que? Porque são competentes e não levam no bojo alguns aspectos que estão arraigados na cultura brasileira. Mas, mesmo no Brasil, temos empresas que dão muito certo lá fora. A Fujitec é cearense e exporta tecnologia de bilhetagem eletrônica para a Europa. Agora entrou nos EUA via Honolulu, onde vai instalar bilhetes inteligentes em 550 ônibus do transporte público.

Estudei nos EUA quando estava com 16/17 anos. Naquele tempo, jovens como eu que tinham um respaldo dos pais não pensavam muito em trabalhar. Bastava fazer a faculdade que aparecia alguma colocação depois. O importante era ter o carrão - dado pelo pai -, a faculdade - idem -, o clube - idem - e tudo mais - idem.

Podem jogar pedras, mas a cultura brasileira, que felizmente está melhorando muito, por muito tempo foi fundamentada na idéia que trabalho é coisa de pobre. Quem é esperto, malandro, herdeiro, jogador de futebol ou artista costumava ser visto como apto para vencer num país de gersons, sérgios, filhinhos-de-papai, pelés e xuxas.

Por vivermos no país dos cartórios hereditários, herdamos das capitanias hereditárias o conceito de que riqueza e poder são hereditárias. Consegue-se nascendo, casando ou politicando. A única inovação ao longo dos séculos foi vencer jogando bola e cantando. Não fomos tão influenciados pelo colonialismo como somos pelo coronelismo. Por isso pouco se vê nos jornais americanos notícias do dependência empresa-governo. Já no Brasil...

Nos EUA, a cultura do empreendedorismo já era bem acentuada em 1972, quando vivi lá. Na high school as matérias eram direcionadas para incentivar o espírito empreendedor. Foi a primeira vez que trabalhei na vida - verdade, aos dezessete anos! - ganhando 9 dólares para ajudar a espalhar concreto numa construção. Morria de vergonha que alguém me visse ali. Não teria feito aquilo no Brasil sob risco de ser ridicularizado por meus amigos.

Não estou dizendo que aprovo tal cultura, ou que hoje seja assim, mas nasci nela e este sentimento era muito forte nas décadas de 60/70 entre as classes mais privilegiadas de nosso país. Uma amiga ficou louca da vida ao saber que seu filho estava vendendo doce num semáforo da cidade. Proibiu o filho de fazer isso. Lembro-me da expressão de alguém que me viu plantando uma horta em Alto Paraíso de Goiás quando eu tinha 23 anos de idade, curso universitário e fui morar lá por idealismo. "O senhor trabalhando!?!?!?!"

Se existe alguma culpa dos EUA em atrapalhar no desenvolvimento de países como o Brasil, maior culpa é a de nossa cultura. Hoje, felizmente, muita coisa mudou. Meus filhos trabalham há anos e se orgulham disso. Fazem seus investimentos e procuro incutir neles o empreendedorismo.

É muito diferente da educação que recebi, de uma época em que os meninos faziam engenharia, medicina ou advocacia. Meu pai demorou para aceitar o fato de eu querer ser arquiteto e sempre insistiu que eu fizesse também engenharia. As meninas? Eram criadas para casar e ter filhos e muitas paravam no curso normal, uma espécie de colegial para gerar professoras primárias.

Hoje estamos criando uma nação de empreendedores, com algum atraso, é verdade. O empreendedor é o que menos reclama quando vê outros se desenvolvendo, progredindo, ganhando. Ele é o que enxerga na competição e na adversidade, a oportunidade. Ele vê o terceiro lado da moeda. A maioria vê só a coroa e a cara. O empreendedor vê a coragem.

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