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O case do blog corporativo

Crônicas para ler no caféaa

O case do blog corporativo

Eu não disse que não voltaria a falar em blog, disse? Pois então voltei. É que em "Cenas de Nudez" comentei o poder terapêutico dos blogs para quem quer despir sua personalidade oficial e expor as oficiosas. Ou simplesmente exercitar músculos do cérebro e do coração.

Faltou falar do blog corporativo, a coqueluche do momento. Pelo menos para quem tem um blog pessoal que não tem nada a ver com uma corporação e acha que todas deviam ter um também. A verdade é que nem toda empresa está preparada para ter um blog. Por que? O problema é cultural.

Primeiro porque é muito mais difícil criar um blog corporativo do que um site institucional, principalmente para empresas e agências que acham que tudo deve ter cara da propaganda. O blog é humano, tem personalidade. Pensa como gente, fala como gente e tem cara de gente, não logomarca.

Veja o case Microsoft. (Se eu não escrevesse "case" o pessoal corporativo nem iria ler). Partiram para um novo paradigma. ("Paradigma" também). A empresa não criou o"Blog da Microsoft", mas é Robert Scoble, blogueiro da Microsoft, quem bloga no "Scobleizer", que nem fica no domínio da empresa. Assim criam empatia (olha "empatia" aí)com seu público para um desenvolvimento sustentável do diálogo. (Bingo! Com "desenvolvimento sustentável" eu fecho o parágrafo dedicado aos amantes da linguagem corporativa... oops! Faltou "sinergia"!).

Quem escreve o blog da empresa é uma espécie deombudsman, um representante do cliente na empresa. Para isso a pessoa — ou mesmo o ghost-writer, a agência ou equipe por detrás da pessoa — precisa ter muito tato, saber acatar críticas e transformá-las em diálogos construtivos para todos. Não, isso não é fácil.

O blog deve ser também uma caixa de sugestões e reclamações — e pode esperar mais reclamações do que sugestões — uma espécie de pára-raios. Por isso blogar é uma ciência — veja só, já virou verbo e ciência! — que se aprende fazendo. Mas tem ainda um outro papel importantíssimo do blog corporativo. Publicidade.

Ninguém é bobo de achar que a empresa está investindo aquela grana toda só para entreter os leitores. O blog existe como canal de comunicação com o público, mas também para promover a empresa, seus produtos e seus serviços. Ponto, mas não final. Tem mais uma coisinha.

Se você pretende criar um blog em sua empresa, não faça dele saquinho de padaria. Daqueles cheios de jargões do tipo"vendemos bem para vender sempre", "nossos produtos são feitos com matéria-prima ótima qualidade" e coisas assim. Ninguém na blogsfera acredita num papo assim.

Imagine que você é dono de uma empresa fictícia, a"PãoSoftware", blogando para dizer que seus clientes reduziram custos de mão-de-obra depois de adotarem seu sistema "Heads Off 2.0". Aí você contrata uma agência qualquer para criar seu blog, o "Saquinho On-Line", e publicar:

"O 'Heads-Off 2.0' proporciona uma economia de até 30% nos custos de mão-de-obra, sendo o melhor em sua categoria e... blá, blá, blá..." Você voltaria amanhã para ler um blog escrito por um gerador de lero-lero publicitário? Nem eu. Já viu algum assim? Eu também.

Ponha um ser humano para falar língua de gente e a coisa muda. Como? Contrate o Zé para criar o "Blog do Zé", que todo mundo sabe que trabalha para a "PãoSoftware" e vai puxar a sardinha para a brasa da empresa. Só que ele é o Zé e sabe puxar a sardinha com jeito. Bloga aí, Zé!

"Nossa! Deve ter gente por aí querendo me ver pelas costas. É que circulou um e-mail por aqui contando de uma empresa que cortou 30% de mão-de-obra depois que o 'Heads-Off 2.0' foi instalado. Pior que eu conheço uma garota que vai dançar..."

Tudo bem, não precisa ser tão cruel, mas seja humano. Tem assunto que não dá? Depois que meu filho criou seu blogwww.LucasPersona.com.br para publicar crônicas humanizando assuntos como Proxy, Object-Oriented Programming e Aspect-Oriented Programming eu não duvido de mais nada.

O importante é que, além de ser humano, ter cara e falar como a gente fala, o blog corporativo precisa acatar a opinião do cliente e evitar cenas como a que observei em um hotel:

— O colchão é péssimo, tenho problemas de coluna e não consegui dormir; estou morrendo de dores nas costas! —queixou-se a cliente, pleiteando a troca do colchão.

A gerente não titubeou, escoiceou logo seu script de vendas:

— Então por que a senhora não aproveita para conhecer nossos serviços de massagem? 

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja emwww.mariopersona.com.br

Esta crônica de Mario Persona pode ser publicada gratuitamente como colaboração em seu site, jornal, revista ou boletim, desde que mantidas na íntegra as referências acima.


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