Logo

MARKETING VIRAL – Atentado literário com livro-bomba

CRÔNICAS DE NEGÓCIOS

Livro-Bomba

De homem-bomba você está cansado de ouvir falar. Basta ligar a TV, abrir o jornal, sintonizar a rádio ou internetar, e ele está lá. Ou estava, já que às vezes não sobra nem o DNA. Mas o e-mail que recebi falava de outro tipo de atentado: o livro-bomba.

Não falo do livro oco, que esconde algum artefato em compartimento entalhado. Falo de algo com mais de duas pernas de mobilidade, muitos megatons de capacidade e uma contaminação que desafia os séculos esterilizados pela radioatividade. Uma bomba igual à que eu tinha na mala, quando fui barrado no aeroporto.

O oficial da alfândega de Lisboa desconfiou do livro e me segurou. A velha Bíblia companheira foi tirada da mala com o cuidado de quem manuseia TNT. Achou que tinha uma bomba ali. Tinha uma bomba ali, mas não achou.

Páginas gastas de anotações foram reviradas, a capa examinada, mas nenhum compartimento secreto encontrado. Enquanto isso, eu permanecia agachado. Não de medo da explosão, mas para catar os bilhetes, anotações e um marca-páginas que insistia em ficar colado no chão.

Apesar da revista no livro, não achou o que estava escondido entre as capas: o poder estava na página impressa. Não leu, não percebeu.

Nem toda a tecnologia bélica conseguiu superar o poder detonante da palavra impressa. Suas explosões são as de maior poder e conseqüências mais duradouras. Foi dos livros que nossa civilização recebeu tanto a plástica como a cicatriz. Tudo começa na escrita, útero das seminais idéias. De pensamentos anotados a diários, livros, jornais e roteiros dramatizados. Na classe dos explosivos de efeito rápido está a imprensa.

Até homens-bomba precisam dela para explodir. Vi isso na guerra do Iraque, quando o número de homens-bomba-hora diminuiu. Com as rotativas de costas para a Palestina e apontadas para o Iraque, nem o mais radical e sanguinário homem-bomba iria queimar pavio sem cobertura da mídia. Quem se atrevesse não passaria de homem-traque. Ninguém daria atenção.

Empresas podem criar suas bombas também e explodir no noticiário. O e-mail que recebi falava de uma assim, um atentado literário cuja segunda intenção foi chamar a atenção da mídia. Era uma convocação para celebrar o 11 de Setembro derrubando torres mais altas do que as do World Trade Center. As torres da iletrada ignorância.

O mentor desse ataque não é Osama Bin Laden, mas um obscuro funcionário de uma obscura empresa de desenvolvimento de um obscuro software. Todos deixam o obscurantismo para explodir sua marca no noticiário internacional. De graça e com uma legião de simpatizantes trabalhando para eles. De graça também.

A sacada foi criar um site na Internet chamadowww.bookcrossing.com e dar pernas aos livros. É só entrar lá, registrar um livro que você queira doar, imprimir uma etiqueta com instruções e colar na capa. Ela instrui como o próximo proprietário do livro deve proceder. Próximo proprietário?

Sim, o que vai pegar o livro que você abandonará num lugar público. As instruções mandam ele visitar o site para registrar onde achou e pretende abandonar o livro depois de ler. Esse livro andante vira parte de uma biblioteca errante, circulante e contagiante. Todos pegando, lendo e passando adiante. Se o livro for do Mario Persona, melhor ainda. A corrente fica mais rápida porque ninguém irá querer morrer com o Mico.

Ao invés de semear a desgraça, o livro-bomba promove a empresa de graça e lhe dá muito mais do que os quinze minutos de fama prometidos por Andy Warhol para cada cidadão. E de lambuja ainda faz uma obra social de inclusão de muitas pessoas que nunca pegaram um livro na mão – gente que, quando o assunto é cultura, só tem de bactérias.

Enquanto isso, milhares de simpatizantes vão espalhando a notícia num boca-a-boca que não é beijo, mas que também não economiza saliva. É a publicidade, a divulgação voluntária de um exército ávido por um atentado cultural que destrua as cidadelas da intolerância. Hein? Não, cidadela não é uma cidade-mirim. Sugiro que procure um dicionário no banco da praça...

Acho que vou criar algo semelhante do lado de cá do Equador. Em lugar do livro, vou usar o guarda-chuva circulante. Algo do tipo www.umbrellacrossing.com.

Acredito que o sucesso será maior ainda, porque tem muito mais gente que deixa guarda-chuvas do que livros em lugares públicos. Só não sei se terá o mesmo grau de rotatividade. Com certeza você conhece alguém que já esqueceu um guarda-chuva por aí, ou deve ter perdido um. Mas já ouviu alguém dizer que encontrou?

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja em www.mariopersona.com.br

Esta crônica de Mario Persona pode ser publicada gratuitamente como colaboração em seu site, jornal, revista ou boletim, desde que mantidas na íntegra as referências acima. Clique aqui e leia outras crônicas de Mario Persona


Aprenda a se comunicar melhor, com mais criatividade e credibilidade, aprimorando sua capacidade de oratória. Em um curso de oito horas de vídeo Mario Persona compartilha sua experiência e conhecimento adquiridos em mais de vinte anos de palestrante.

Conheça agora mesmo

 

 

contato@mariopersona.com.br

(19) 9 9789-7939

Redes sociais Instagram Twitter Linkedin Youtube

www.mariopersona.com.br

Site desenvolvido por www.auranet.com.br