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MARKETING PESSOAL – Entrevista Revista Rossi

ENTREVISTA

MARKETING PESSOAL - O Desafio de ser Único

 

Revista Rossi Fui entrevistado pela Revista Rossi para uma matéria sobre Marketing Pessoal. A íntegra da entrevista você encontra aqui.

Revista Rossi - Como garantir que o marketing pessoal não torne a pessoa uma caricatura, um arremedo de qualidades "artificialmente" desenvolvidas?

Mario Persona - Realmente existe o perigo, pois hoje podemos ser o que quisermos, ou pelo menos fingir que somos. Por exemplo, é comum encontrar na Internet sites de empresas que trazem na primeira página a foto de um edifício luxuoso que não condiz com a realidade. Qualquer empresa pode fingir que possui uma sede assim, colocar fotos de equipes trabalhando e não passar de um negócio de fundo de quintal.

Mas a mesma tecnologia que hoje permite dissimular ou dar uma arrumadinha, como fazem os programas de retoque em boa parte das mulheres que aparecem em revistas masculinas, também dá ao cliente condições de descobrir essa dissimulação. Se a empresa apresenta experiência, clientes ou mercado onde atua, ficou muito fácil checar.

O mesmo vale para o profissional. Ele pode dizer que é o que não é, que tem o que nunca teve ou que fez o que nem passou por suas mãos. Há quem faça isso? Sim, aos montes. Já vi consultor traduzindo artigos em inglês e depois publicando em sites da Internet trazendo seu nome como autor colaborador. Nem precisa ir longe: uma de minhas crônicas, "CRM de Mercearia", foi copiada por pelo menos 3 pessoas, um diretor de empresa, um gerente de marketing e um consultor, e publicada em duas revistas e em um site, respectivamente.

Como descobri? Leitores que reconheceram o estilo mandaram um e-mail. Com a facilidade de comunicação e a transparência que a era da informação criou -- somos filmados, rastreados, encontrados o tempo todo -- fica cada vez mais difícil se esconder.

No caso do profissional, uma carreira construída sobre uma base falsa também será demolida na mesma velocidade, ou até mais rápido. Antigamente a descoberta de uma farsa profissional poderia levar meses ou anos para ser divulgada. Esporadicamente o caso caía na grande mídia e aí todos ficavam sabendo, mas era raro acontecer se a pessoa não fosse alguém de destaque.

Hoje qualquer garoto tem uma rede de relacionamento contada em milhares de amigos. E-mail, blogs, Orkut, Skype e tantos outros serviços colocam todo mundo em contato com todo mundo em segundos. O profissional que for desnudado será exposto com uma velocidade nunca conhecida antes. O que fazer então? Ser o mais profissional e transparente possível. Se você é um profissional de fundo de quintal, então é melhor adotar uma postura alternativa do que querer parecer que está no topo do mundo.

Às vezes existe a dificuldade da imagem que o próprio mercado cria do profissional. Percebo isso em minha carreira. Por comodidade e racionalidade, fechei meu escritório e contratei uma empresa de atendimento. Meus clientes nunca vêm a mim, sou eu quem vai a eles quando solicitado.

Quando digo em minhas palestras que trabalho só (exceto quando algum projeto exija a inclusão de parceiros), que quando não viajo estou trabalhando em casa de pijamas ou bermudas e que meu atendimento é terceirizado, isto é, tenho uma secretária e um atendimento profissional fisicamente localizado longe de onde me encontro, as pessoas se surpreendem.

É que a imagem convencional de um palestrante ou consultor como eu é a de um executivo de uma grande corporação, trabalhando em uma sala ampla em um edifício de vidro, jogando golfe com os amigos nos finais de semana e coisas do tipo. É aí que tenho a oportunidade de explicar, principalmente para profissionais que teimam em trabalhar à moda antiga, que hoje é preciso se livrar de alguns paradigmas de imagem do quê seja exatamente um trabalhador do conhecimento. Tudo está mudando rapidamente. O modo convencional de perceber as coisas segundo referenciais convencionais deve ser colocado em xeque, pois nada mais pode ser convencional. Convencional é commodity. É preciso ser único, singular, e é aí que está a grande sacada do marketing pessoal.

Revista Rossi - Qual o melhor momento da carreira para investir em marketing pessoal e na construção de uma marca própria ? Por quê?

Mario Persona - Eu sempre sugeri aos meus alunos que começassem na faculdade, porque é o primeiro ambiente, oficialmente falando, onde eles já estão engajados na profissão que pretendem seguir. Um bom profissional irá enxergar seus colegas de classe como clientes, parceiros, fornecedores ou empregadores em potencial. Lá fora as peças vão se reorganizar e não raro alguém acaba trabalhando para algum colega de faculdade ou sendo o patrão de um. A impressão que deixou na sala de aula vai permanecer na lembrança do outro quando este for um empresário de sucesso. Na hora de se lembrar de alguém competente, aquele que fez um bom trabalho de marca pessoal ainda na faculdade será lembrado.

Revista Rossi - O marketing pessoal pode contar com mais do que uma sólida formação acadêmica ou anos de experiência prática na hora de conseguir um emprego?

Mario Persona - Sim. Antigamente o currículo falava muito alto, mas hoje a voz do comportamento, da atitude, da visão que se tem da vida e do trabalho são elementos que podem pesar muito na hora de uma contratação. Não basta saber que o profissional estudou nas melhores escolas, é preciso descobrir o que ele sabe fazer com o que aprendeu. Tive colega de escola que era primeiro da classe e hoje é medíocre como profissional. A formação acadêmica, por mais sólida que seja, não fará milagres se, do lado de cá, não existir uma atitude receptiva e multiplicadora do conhecimento que a academia passou.

A experiência prática, assim como a formação acadêmica, também é importante, mas às vezes pode pesar contra. Uma pessoa que tenha trabalhado anos em uma determinada função, mas sempre na mesma empresa, pode perder para aquele que, com igual experiência, traga um currículo mais eclético por ter passado por diferentes organizações, com perfis diferentes e atuando em mercados distintos. A diversidade e a flexibilidade que ela confere ao profissional é algo muito importante, principalmente em um ambiente de negócios mutável como é este em que vivemos.

Mas a formação acadêmica e a experiência prática ficarão pobres se o invólucro que as contêm não for inovador. Antigamente as empresas contratavam pessoas para exercer as atividades que lhes eram impostas. Hoje as mesmas empresas estão com uma idéia cada vez mais nebulosa do que devem fazer, para onde devem ir, de que forma podem atender seu mercado ou até mesmo se é negócio permanecer no mesmo lugar. Empresas procuram pessoas inteligentes, que tenham idéias, que tenham visão, que agreguem coisas que nem mesmo a empresa enxergou.

Portanto, hoje o profissional não entra para trabalhar com o intuito de aprender -- arrepio quando escuto algum candidato dizer que pretende entrar em determinada empresa para aprender. Se ele pensar friamente, o que está dizendo é que pretende ser pago para adquirir um conhecimento que sozinho não conseguiu obter e, provavelmente, quando tiver esse conhecimento, das duas uma, ou pedirá aumento ou irá oferecer suas novas competências para a concorrência.

O profissional com uma postura para os novos tempos oferece seu trabalho como forma de agregar algo àquele que o contrata. Por isso é importante que ele próprio mude sua visão de emprego. Ao invés de enxergar a empresa como patrão e empregador, deve enxergá-la como cliente. O simples fato de mudar esta visão tão arraigada nos profissionais embolorados já abrirá para ele uma perspectiva bem mais ampla do que significa atuar no mercado em nossos dias.

Revista Rossi - Desenvolver o marketing pessoal é mais importante para profissionais autônomos ou para os que estão formalmente vinculados ao mercado de trabalho ? Há alguma razão especial para isso ?

Mario Persona - É importante para ambos, porque hoje ninguém mais tem qualquer tipo de garantia de que o futuro será melhor. Antigamente o profissional entrava numa empresa para jamais sair. Sua vida acabava ligada ao trabalho, seus interesses dependiam dele, o dia da aposentadoria aparecia em contagem regressiva em um placar imaginário na parede de sua sala e os riscos de demissão ou da empresa fechar eram mínimos.

E hoje? Bem, ninguém de sã consciência pode acreditar que irá se aposentar onde está. Se nem a sobrevivência da empresa está garantida, o que dizer da sobrevivência do emprego? Não foram poucas as grandes corporações que vimos desaparecer nos últimos anos, por meio de compras, fusões ou fechamento sumário. Então, se no passado apenas o profissional liberal precisava trabalhar com um olho na atividade e outro no mercado, hoje qualquer trabalhador previdente precisa fazer o mesmo. Com um olho faz bem o que faz agora e com o outro vai traçando um Plano B.

Costumo dizer que quando você trabalha para si mesmo nunca fica desempregado. Porém é preciso estar ativo, regando sua rede de relacionamentos, aperfeiçoando sua imagem, reinvestindo seu capital intelectual, descobrindo novas oportunidades. Já quem trabalha como empregado corre o risco de amanhã precisar começar do zero. É que, por mais que uma empresa ofereça um ambiente dinâmico de inovação e com oportunidades de reciclagem, a escola do mundo sempre vai ter uma sala de aula maior do que a escola da empresa local. Então o profissional liberal estará sempre mais exposto ao sol escaldante e também às chuvas benfazejas que darão têmpera ao aço de sua competência profissional.

Revista Rossi - É possível fazer bom marketing pessoal pensando só em dinheiro, mesmo que a pessoa não goste da área em que trabalha? 

Mario Persona - Não creio, principalmente para trabalhadores do conhecimento. Para quem puxa uma alavanca ou aperta um botão 8 horas por dia, não faz muita diferença, mas cada vez veremos menos gente puxando alavancas e apertando botões. Tudo o que a tecnologia puder fazer ela fará, por isso só restará lugar no mercado para profissionais que façam aquilo que a tecnologia não é capaz de fazer. E o que a tecnologia não consegue? Não consegue criar, imaginar, inventar, transmitir emoção, vibração, energia. Se por um lado as máquinas não conseguem fazer isso, pessoas sem emoção tampouco conseguirão. A menos que a paixão pelo dinheiro seja tão forte que consiga acender um fogo também em outras áreas da atividade profissional. Mas creio que isso só acontece com 100% de resultados com quem trabalha com especulação financeira. Aí sim, a paixão pelo dinheiro será o combustível da própria atividade.

 

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja emwww.mariopersona.com.br


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