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Fechando portas e janelas de comunicação

CRÔNICAS DE NEGÓCIOS

Fechando portas e janelas da comunicação

Meu amigo estava atrapalhado. Perdido no trânsito de São Paulo, desligou o rádio para se concentrar no endereço que procurava. A cada esquina, dezenas de placas, sinais, outdoors e faixas coloridas competiam por sua atenção. Mas só o que ele queria era encontrar uma placa com o nome da rua que procurava. Nada mais. Se ao menos o motorista de trás parasse de buzinar! O suor descia pelo rosto. A ansiedade parava na garganta.

Foram décadas de acúmulo de poluição visual e sonora até chegarmos ao atual estágio de saturação de mensagens na mídia e na cidade. Todas falando ao mesmo tempo, para dizer que é o seu produto que está com a razão. Meu cérebro perdeu a visão periférica. Há muito deixou de processar o ruído para se concentrar no que interessa. Mas, o que é mesmo que interessa?

Assim como o mergulhador não sente o peso toneladas de água sobre si, por estar imerso nela, nadamos indiferentes às mensagens em um rio de patrocínios. Campanhas publicitárias e campanhas de vacinação têm cada vez mais um efeito comum. Imunizam. Tudo grita para atrair minha atenção. Eu fico na minha. Não quero ouvir.

Mas quero falar, e ninguém quer escutar. Então a única mensagem que chama minha atenção é a que fomenta o diálogo. Com o emissor ou com meus botões. Se não me faz falar, me faz pensar. Concluo que chamar à conversação é o que hoje chama a atenção de quem está disposto a pagar. O resto é ruído. Para quem tem tempo, e não dinheiro para gastar.

Mc Luhan escreveu que "o meio é a mensagem e a audiência o conteúdo". Fica mais claro saber que ele também escreveu que "o meio é a massagem". Mais do que transportar a mensagem, o meio molda. Talvez hoje escrevesse que "o meio é o silicone". Comunicação de massa é a que imprime sua forma nas massas. Nos molda, até aplainar nossa individualidade por um mínimo denominador comum. Ligue a TV e verá que o mínimo prometido não é o cumprido.

Está ficando difícil resgatar a audiência benfazeja que a própria mídia mercadeja pela sincronização dos pensamentos. O que a TV vende? Gente. Homens interessados na cerveja que lembra mulheres. Mulheres interessadas em facas que cortem carne e aparelhos abdominais que cortem gordura. Qualquer perfil serve como audiência vendável, desde que exista uma programação para chamar e prender a atenção.

Prender no sentido de encarcerar. Não de cativar, mas de concentrar todos num mesmo campo. Massificar. De tal modo que destrua a identidade, condição essencial à interatividade que os mesmos meios agora tentam resgatar. Nesse ínterim a Internet surgiu, como meio conversacional de duas vias. E pensaram que fosse a mesma coisa.

Para quem escapa dos fornos catódicos que cremam a individualidade, mensagem eficaz é a que belisca a atenção para um diálogo que crie interação. Um exemplo prático: O que está escrito em seu cartão de visita? O blá-blá-blá de sempre ou algo que leve ao diálogo? No de Joe Vitale, um publicitário norte-americano, está: "Pergunte-me sobre o macaco". As pessoas perguntam e ele explica que sua especialidade é atrair a atenção, que leva à conversação.

Não conheço o Joe nem seu macaco, mas a frase tem o poder de instigar o diálogo. Após uma palestra em Salvador, recebi um cartão que trazia, entre predicados como Administrador, Professor e Tradutor, a função "Herói". Foi o "Herói" que chamou minha atenção e iniciou um diálogo. "Todo profissional precisa ser herói para sobreviver", explicou ele. Seu cartão foi além de chamar atenção. Convidou ao diálogo.

Já não basta competir pela atenção. É preciso conversar para evitar fechar portas e janelas aos nossos apelos de comunicação. No caso de meu amigo perdido no trânsito, o problema foi a janela. Em meio à confusão de placas, buzinas, apitos e gritos, sua garganta se entupiu dum nervosismo catarral. Olho fixo no semáforo, acionou a manivela do vidro, pigarreou, virou e cuspiu. No vidro, que tinha acabado de fechar.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja emwww.mariopersona.com.br

Esta crônica de Mario Persona pode ser publicada gratuitamente como colaboração em seu site, jornal, revista ou boletim, desde que mantidas na íntegra as referências acima. 


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