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Erros que comprometem a carreira – Entrevista com Mario Persona para o Jornal Oportunidades

ENTREVISTA

 


 

Erros que comprometem a carreira

P. A falta de experiência muitas vezes faz o jovem profissional cometer erros que aborrecem o chefe. Poderia citar algumas atitudes comuns aos jovens?

Mario Persona - Creio que uma falha importante que alguns jovens cometem nos primeiros dias é a falta de atenção e demonstração de garra e vontade. O jovem que chega ao novo emprego e fica simplesmente parado, sem iniciativa, esperando que algo aconteça irá criar uma imagem negativa de si mesmo.

Outro erro é entrar logo de cara no grupo dos menos cotados na empresa, associando-se justamente com os que podem parecer mais “legais”, porém que não são bem vistos na empresa por serem pouco produtivos e de pouca confiança. Geralmente esse grupo é mais receptivo e isso pode atrair os mais novos.

A idéia de que está ali apenas para aprender também causa uma impressão ruim. Empresas não são escolas. Embora o desejo de aprender seja importante e bem visto nas empresas, o profissional é contratado para trazer algo, e não se abastecer de conhecimento para depois levar embora. É visando resultados que a empresa contrata.

O desinteresse é também um ponto negativo no jovem profissional. Ele precisa estar atento para participar de tudo aquilo que a empresa considerar importante, como treinamentos, reuniões, ginástica laboral e até festas entre os funcionários.

P. Poderia dar dicas aos jovens que estão no primeiro emprego e que desejam construir uma carreira de sucesso?

Mario Persona - Chegar à empresa sempre antes do horário estipulado e sair um pouco depois do final da jornada causa uma impressão positiva. Evitar ficar parado, mas procurar se inteirar de sua função e também da função dos postos imediatamente acima e abaixo de si para entender a cadeia produtiva é outro ponto importante na construção de uma marca pessoal forte no local de trabalho.

Isso requer iniciativa e prontidão para ajudar os colegas, mas também é preciso uma boa dose de percepção para evitar ser visto como um atravessador ou alguém que quer fazer o trabalho dos outros para levar a glória por isso.

A capacidade de analisar as pessoas ao redor também é importante. O jovem profissional precisa descobrir quais os colegas que são bem vistos pela chefia e quais os que são considerados medíocres ou estão com o emprego por um fio, principalmente por problemas de caráter e comportamento. É bom manter-se afastado destes e procurar aprender com os que estão crescendo na carreira.

É importante aprender sempre, mas também não se colocar na condição de alguém completamente vazio. Geralmente não é a capacidade de responder às perguntas que conta, mas a inteligência que alguém possui para fazê-las. Por isso, muita atenção nas perguntas que faz para não criar uma imagem de infantilidade e inexperiência. Procurar descobrir as respostas ao invés de ficar simplesmente perguntando por coisas sem importância é uma virtude do jovem profissional.

A capacidade de observar e aprender como os outros fazem o trabalho irá evitar muitas perguntas que poderão parecer banais. Por outro lado, é importante ter a humildade de perguntar quando o assunto for importante, e não fazer cara de quem sabe tudo para acabar cometendo erros depois e revelar sua ignorância.

Alguns chegam à empresa fazendo justamente o oposto, querendo mostrar que sabem tudo e dando palpites em tudo o que os colegas mais experientes fazem. É bom manter a boca fechada durante um bom tempo, porque na quase totalidade das vezes a pessoa que chega não entende logo de cara o trabalho que está sendo desenvolvido ali.

O entrosamento com a equipe é considerado essencial nas empresas, por isso é bom que o novo profissional procure sempre estar com colegas também nos horários do café ou refeições. Manter-se isolado pode criar uma imagem de desinteresse, medo ou até superioridade.

P. Alguns jovens costumam abusar do uso de tecnologias, como Internet, celular e outros, no ambiente de trabalho. O quanto isso prejudicar uma carreira?

Mario Persona - Os recursos da empresa não são para uso pessoal, e por recursos entenda tecnologia e tempo. Os investimentos que a empresa faz em tecnologia e em horas de trabalho são visando lucro, por isso é importante definir bem quais as tecnologias que o jovem profissional deve utilizar e quais as atividades que geram ganho para a empresa.

Muitas empresas monitoram a correspondência eletrônica e também o acesso à Internet, além de alguns ambientes serem filmados. É bom o jovem profissional saber que a empresa não tem qualquer interesse em pagar um profissional para ficar ali cuidando de assuntos pessoais. Em alguns momentos, como no horário de almoço, por exemplo, essas atividades são toleradas, mas não durante o expediente.

P. E quanto ao uso de gírias, chamar chefe de tio, tia e outras familiaridades no ambiente de trabalho?

Mario Persona - De forma alguma. A intimidade com a chefia deve sempre respeitar certos parâmetros e, ainda que alguém seja amigo do chefe fora da empresa, é bom entender que existe uma hierarquia no local de trabalho que deve ser respeitada. Além disso, muitos chefes não gostam de intimidades ou brincadeiras por sentirem que isso pode arranhar sua autoridade.

P. O que você diz dos profissionais que ficam sempre na defensiva?

Mario Persona - É o que eu chamo de Simmas, o profissional que sempre retruca com um “Sim, mas...” a tudo que lhe é dito. Ele aparentemente concorda, mas está sempre pronto para discordar. Além disso o profissional que fica na defensiva costuma varrer seus erros para debaixo do tapete, o que pode ser perigoso em algumas ocasiões, e até comprometer os resultados da empresa. O melhor mesmo é admitir o erro quando ocorrer e se esforçar para corrigir e amenizar as consequências dele. É bom lembrar que, enquanto uma discussão com alguém na defensiva pode durar horas, admitir o erro põe fim à discussão, o que é também muito mais produtivo.

P. Que roupa é mais adequada para o jovem profissional usar no trabalho?

Mario Persona - Alguns cuidados devem ser tomados logo no primeiro dia, observando como se veste a maioria dos colegas ou aqueles que são mais bem quistos pela empresa. É preciso sempre muito cuidado e sensatez nisso, pois um office-boy que queira se vestir como diretor, ou um gerente que queira trabalhar de bermudas e camiseta são igualmente atitudes estranhas.

O melhor mesmo é não chamar muita atenção para a roupa e adereços para que o talento e a capacidade sejam os elementos que ocupem o lugar sob os holofotes. Pessoas exageradamente maquiadas, enfeitadas, tatuadas ou vestidas de forma espalhafatosa levarão mais tempo para revelar sua capacidade, já que demorará algum tempo até que os outros se acostumem com sua aparência e passem a ver o que realmente importa nelas.

Mulheres com roupas demasiadamente sensuais no ambiente de trabalho também podem ser tanto um problema por distrair os colegas, como também criar situações embaraçosas por parecerem dispostas a atividades paralelas ao trabalho. Não raro o assédio sexual é a idéia equivocada de alguém que achou que as roupas e atitudes de uma colega eram convidativas.

P. Há funcionários que não conseguem conter gargalhadas ou que falam alto demais pelos corredores da empresa. Isso é ruim para sua carreira?

Mario Persona - É bom que as pessoas sejam alegres e comunicativas, mas tudo tem um limite. Não apenas a discrição é importante na empresa, como é preciso também levar em conta o novo layout adotado nas empresas modernas, que é o de espaços abertos ou divididos apenas por divisórias baixas. Já trabalhei em uma empresa onde era impossível se concentrar porque o colega na mesa ao lado era muito barulhento ou falava ao telefone em um volume exageradamente alto.

P. Como o jovem deve lidar com seus superiores ou a hierarquia na empresa?

Mario Persona - Muitos jovens que têm dificuldade em lidar em casa com a autoridade dos pais podem passar por esse problema quando começam a trabalhar. Um dos problemas da sociedade moderna é justamente a crise no reconhecimento das autoridades, estejam elas em casa, na escola, no trabalho ou no governo. Quer o profissional goste ou não, nada funciona se todos forem deixados a agir segundo a própria vontade. É preciso uma direção, um comando, uma liderança, e para que isso aconteça é preciso o exercício de autoridade.

Às vezes o jovem profissional precisará estar atento para detectar quando o próprio gerente não tem um perfil de liderança e acaba caindo em descrédito diante de sua equipe. Não raro a equipe inteira é penalizada por trabalhar indiferente à autoridade do chefe, quando na verdade o problema está na falta de espírito de liderança e chefia. Em casos assim é importante o jovem profissional não cair no erro de ser a maria-vai-com-as-outras da equipe e manter-se dentro daquilo que é o exigido na relação chefe-subordinado.

Entrevista concedida ao Jornal Oportunidades em 14/05/2009.

Entrevistas como esta costumam ser feitas para a elaboração de matérias, portanto nem tudo acaba sendo publicado. Eventualmente são aproveitadas apenas algumas frases a título de declarações do entrevistado. Para não perder o que eu disse na hora da entrevista, costumo gravar ou dar entrevistas por escrito. A íntegra do que foi falado você encontra aqui. Se achar que este texto pode ajudar alguém, use o formulário abaixo para compartilhar.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja emwww.mariopersona.com.br


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