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Entrevista Jornal A Crítica – Mudanças na Empresa – Mario Persona

ENTREVISTA

Mudanças na empresa

Qual o comportamento que mais atrapalha o trabalhador que se vê diante de mudanças na empresa?

Mario Persona - A pior coisa que um trabalhador pode fazer na hora da mudança é querer partir para a ação sem antes analisar o novo terreno onde está pisando. Por isso a primeira providência a tomar é apurar seus sentidos para observar muito bem o que está acontecendo.

Nessas horas mostrar serviço pode ser bom, mas como fazê-lo se ainda não temos uma visão clara do que fazer? É preciso analisar bem o ambiente, medir as conseqüências das mudanças, ver quem ganhou poder e quem perdeu poder, para não cair no erro de ficar no time que está perdendo.

As mudanças sempre vêm acompanhadas de cabeças que rolam e cabeças que são coroadas, portanto nessas horas é bom manter um relacionamento bom com todos, porém sempre cuidadoso para não entrar na panelinha dos que se opõem às mudanças. Isso é comum acontecer.

Algumas pessoas odeiam mudanças porque elas podem significar mais trabalho ou, para quem nunca fez nada, começar a trabalhar. O melhor mesmo é fugir dessa turma, porque ela nunca rema a favor do progresso, sempre contra. Mudanças são benéficas e se elas ocorrem é porque o mercado exige que seja assim.

As mudanças também são benéficas para o colaborador conquistar novos espaços que ficaram vagos ou aquelas oportunidades que ninguém ainda enxergou. Veja, por exemplo, a Europa. É muito difícil alguém começar do nada e chegar ao topo, porque trata-se de uma sociedade antiga, onde as mudanças acontecem lentamente e geram poucas oportunidades.

Já nos países em desenvolvimento como o Brasil, um dia o sujeito é cortador de cana e alguns anos depois ele é empresário. Como ocorrem mudanças o tempo todo, isso elimina os incompetentes e dá lugar aos competentes, numa espécie de dança das cadeiras. Portanto, se a mudança começou na empresa, é bom prestar atenção na música, porque a qualquer momento ela vai parar e você precisa estar bem posicionado quando isso acontecer.

Que cuidados as pessoas podem ter diante de uma mudança de chefe?

Mario Persona - Primeiro é preciso conhecer bem a pessoa para evitar gafes. Há chefes que gostam de colaboradores prestativos, desses que correm fazer as coisas com metade das informações. Outros preferem ter a oportunidade de explicar tudo direitinho antes que seu colaborador saia fazendo sem saber o que.

Há chefes que gostam de ser bajulados, outros que detestam isso. Há aqueles centralizadores, para os quais você precisa dizer tudo, tim-tim por tim-tim, antes de receber a aprovação para partir para a ação. Outros não querem nem saber o que você está fazendo, ou como está fazendo, contanto que traga resultado.

Portanto, observação e boca fechada são dois santos remédios na hora da mudança do chefe, para saber exatamente com quem você está lidando e não ficar falando o que não deve ou dando opiniões fora do contexto. De qualquer modo, uma coisa é importante: mostrar disponibilidade e disposição. O novo chefe estará também com seus sentidos aguçados e a primeira impressão que formar de cada membro de sua equipe é a que permanecerá. Se você se esquivar do trabalho, isso será imediatamente percebido numa hora assim, muito mais do que depois, quando o trabalho entra na rotina.

Entenda que tudo o que estou dizendo que você deve fazer, seu chefe também estará fazendo: observar, mostrar disponibilidade e disposição, por exemplo. Ele também tem um chefe e irá querer causar uma boa impressão logo de início. O novo chefe chegará mais cedo do que o normal e sairá mais tarde. Quem ele encontrar disponível nessas horas deixará sua marca de eficiência.

A capacidade de se adaptar a novas situações é uma característica valorizada no mercado de trabalho? Que tipo de peso essa flexibilidade tem na avaliação do trabalhador?

Mario Persona - A mudança é um novo começo, e aquela velha frase "a primeira impressão é a que fica" vale para a mudança também. Todos na equipe estarão em um processo de "primeira impressão", todos estarão com os sentidos mais aguçados do que nos dias normais de rotina. Flexibilidade e maleabilidade são vitais nessa hora, porque a pior coisa que um chefe pode encontrar em uma nova equipe são pessoas viciadas a formas de proceder, indolentes para com as mudanças e torcendo o nariz para experimentar coisas novas.

Um restaurante, quando coloca aquela faixa "Sob Nova Direção" pretende mostrar que agora as coisas estão muito melhores do que antes. O colaborador deve trabalhar também nesse espírito, se quiser ser visto e lembrado. Deve trabalhar como alguém que está "sob nova direção", fazendo o melhor possível para impressionar e deixar uma marca indelével na mente do novo chefe e das novas pessoas que passam a fazer parte da equipe.

Não é só do novo chefe que se deve conquistar o respeito, mas também de novos membros da equipe que costumam entrar nessas horas. Pessoas que às vezes passavam despercebidas conseguem conquistar um novo posicionamento quando colegas que faziam sombra são transferidos para outra área ou eliminados da equipe. A mudança é a hora da virada, é a hora de se fazer notar, de aproveitar as áreas de vácuo para valorizar suas atividades.

Quais atitudes costumam queimar o funcionário com o novo chefe? (ex: comparar com o anterior, fazer cara feia?)

Mario Persona - A primeira, sem dúvida, é torcer o nariz, fazer aquela cara de nojo, de quem não está aprovando a mudança. Nem precisa falar nada, o chefe percebe tudo, como professor à frente da sala de aula, que sabe exatamente quem está colando na prova, embora o aluno acredite piamente estar protegido. Nessas horas de mudança é bom entender que o novo chefe está com seus sentidos aguçados, portanto um alfinete que cair no chão será percebido.

Pessoas muito grudentas, que correm bajular o novo chefe nessas horas, também podem se queimar pois podem estar diante de alguém que detesta hipocrisia e bajulação. É preciso muito cuidado e evitar qualquer movimento brusco antes de conhecer com quem se está lidando.

Um segredo infalível é descobrir quais os gostos do novo chefe, como hobbies, esportes etc., e quando chegar um momento conveniente, no café, no almoço ou no bebedouro no corredor, perguntar alguma coisa sobre essa atividade. As pessoas adoram falar de seus hobbies e, se a abordagem for bem feita, você terá conquistado um amigo desde o primeiro momento. O único efeito colateral disso é seu novo chefe passar a convidar você para almoçar todos os dias e você ser obrigado a escutar ele falar do mesmo assunto o tempo todo. E, pode ter certeza, depois de um tempo ele vai começar a repetir as histórias. Aí o jeito é levar sempre um antiácido no bolso.

Entrevista concedida ao Jornal A Crítica em 19/03/2008 para uma matéria sobre como proceder quando ocorrem mudanças na empresa.

Entrevistas como esta costumam ser feitas para a elaboração de matérias, portanto nem tudo acaba publicado. Eventualmente são aproveitadas apenas algumas frases a título de declarações do entrevistado. Para não perder o que disse na hora, costumo gravar ou dar entrevistas por escrito. A íntegra do que foi falado você encontra aqui.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja emwww.mariopersona.com.br


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