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Encontro inesquecível

Encontro inesquecível
por Mario Persona

De repente o aquecimento global esquentou a cabeça dos donos do dinheiro. Ou deu um frio no estômago. Se até ontem a preocupação estava restrita à audiência do Animal Planet, preocupada que pudessem faltar focas para as baleias assassinas comerem na TV, hoje são os empresários que se preocupam. As focas continuam não ligando a mínima para nossa saúde.

Até outro dia o único derretimento de gelo que preocupava os investidores era o do copo. Agora perceberam que vai desaparecer também o uísque, se a coisa continuar esquentando. Com todo mundo preocupado com produtos "verdes", o negócio do momento é investir em ações de empresas de energia renovável, material reciclado e pizza de rúcula. Antes que o Donald Trump decida construir um balneário tropical na costa da Groenlândia.

Até o pessoal da Fórmula 1 entrou na onda do "verde", mas a Ferrari ainda está relutante. Ouvi dizer que as equipes já plantam árvores para compensar as emissões de gás carbônico das corridas. Deve ser em projetos de reflorestamento, porque nas pistas eu não vi. O próximo passo será desenvolver carros usando energia renovável, sem ter ficado claro o que pretendem usar como propulsão. Não vou me espantar se Lance Armstrong, o campeão de ciclismo do Tour de France, virar piloto da nova geração de carros da F1.

O verdadeiro dominó do prejuízo da indústria começará quando pipocarem os boicotes contra produtos ecologicamente inadequados ou de empresas que poluem. Prepare-se para receber e-mails com listas denunciando essas empresas, como já fizeram com as que utilizavam mão-de-obra infantil, peles naturais e minhocas para fazer hambúrgueres. Algumas não passavam de lenda, mas muita gente pediu sanduba de frango no dia seguinte, só para garantir.

Hoje qualquer cidadão comum pode causar um grande estrago na vidraça dessas empresas. Vi um cartoon onde um garoto, diante de uma vidraça quebrada por sua bola de beisebol, ameaça o pai:

"Que tal retirar o que disse? Fique sabendo que eu já tenho meu próprio blog.

Blogging Blackmail

A China, musa cantada em verso e prosa pela indústria do mundo todo, é uma que pode acabar tendo de segurar o rojão que inventou. Ações de empresas amarelas podem despencar no mundo todo e o que vai ter de chinês dizendo, "Ih! Suzô!", não está no gibi. O país ocupa hoje o segundo lugar no prêmio "Cascão do Mundo", com os EUA em primeiro e tentando reduzir sua emissão de CO2 enviando parte da população para o Iraque.

E ainda tem gente que inveja... Será que avisaram os países do bloco "Quero Ser a China" que aquele é um regime autoritário? De que adianta ter tanto celular se as pessoas não podem falar? Quando os produtos chineses começarem a cair nos filtros de adequação ambiental instalados por um mercado consciente -- e não por um organismo qualquer da ONU -- aí é que a cobra vai fumar... Ok, dadas as circunstâncias, a expressão foi infeliz.

Até os EUA já perceberam que a estratégia de mandar suas fábricas para o quintal do terceiro mundo não vai garantir a limpeza do seu. Os detectores da costa oeste dos EUA já começam a sentir o cheiro dos gases que os chineses soltam lá do outro lado do elevador no qual o mundo inteiro está descendo.

Antes de boicotar produtos poluentes da China eu boicotaria os que poluem minha rua de madrugada. Começaria pela poluição sonora. Antes eram só os alarmes de carros que disparavam até quando uma sombra pousava sobre a capota. Agora preciso fechar as janelas para conseguir dormir, tamanho o som que garotos noctívagos instalam nas caçambas de suas camionetes ou porta-malas de carros vítimas de tunning. É por isso que meu primeiro boicote vai para alarmes, camionetes, caçambas, porta-malas, equipamentos de som e garotos noctívagos. Nossa, agora radicalizei! Deve ser o sono...

Não sei o que passa pela cabeça deles, ou o que não passa. Um amigo -- não o Freud -- costumava dizer que é um problema anatômico. Para compensar e exibir virilidade, eles adquirem potência em watts. Não concordo com meu amigo. Acho até que os meninos tenham boa intenção. Só querem provar que não são de todo inúteis oferecendo, como contribuição à sociedade, suas serestas high-tech.

Outro boicote que eu faria não tem nada a ver com poluição, mas com minha canela. Sou daqueles que têm canelas finas, revestidas por uma camada de pele medida em mícrons. A única coisa que separa a pele do osso são milhões de terminações nervosas que transformam minhas canelas em um instrumento mais poderoso que o telescópio Hubble. Com elas sou capaz de ver mais estrelas a um custo muito menor. A NASA deve me procurar em breve para uma parceria.

Uma das maiores constelações eu vi graças ao dono de um carro que não tinha dinheiro para comprar a lancha e comprou só o engate. Daí meu boicote aos engates sem lancha. Quando atravessava uma rua, tentando fugir de um carro que avançava, enfiei-me pela fresta entre dois carros estacionados. De repente, toda a extensão da Via Láctea surgiu diante de meus olhos.

Daquele êxtase causado pelo encontro inesquecível de minha canela com o engate, eu só me lembro da enfermeira, no pronto-socorro, tentando convencer a pele a voltar atrás da idéia de se divorciar do osso.


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