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Criatividade: Caldeirão de Idéias – Revista FENACON em Serviços

ENTREVISTA

Caldeirão de Idéias - Revista FENACON em Serviços

Fui entrevistado pela revista Fenacon em Serviços para matéria de capa da edição nº 98 sobre criatividade com o título de Caldeirão de Idéias. A íntegra da entrevista você encontra aqui.

FENACON SERVIÇOS: O que é criatividade?

MARIO PERSONA: Sua pergunta me remete à imaginação e faz lembrar uma frase de autor desconhecido que escreveu: "Imaginação é o que nos foi dado para compensar o que não somos; humor é o que nos foi dado para compensar o que somos". Acredito que a criatividade esteja intimamente à imaginação e ao humor, dois ingredientes que nos ajudam a superar de boa vontade o existente para criar o que antes só era imaginável.

A criatividade poderia ser considerada a resposta natural de nossa mente às necessidades, mas isso limitaria um pouco o termo, já que se criássemos apenas em função de necessidades, ficaríamos limitados demais. A capacidade de criação é algo independente do próprio criador, no sentido de criar algo para suprir uma falta ou deficiência.

Criatividade é uma capacidade de transcendência inerente ao ser humano e vai muito além de uma simples resposta a alguma necessidade. É claro que a necessidade também pode desencadear a criatividade, como acontece no Brasil, uma nação de criativos bem-humorados e com grande poder de imaginação. Não é à toa que somos considerados uma nação de empreendedores. Sem criatividade fica muito difícil empreender.

FS: Como a criatividade é desencadeada na mente?

MP: Picasso dizia que todo ato de criação se inicia com um ato de destruição. Acredito que seja preciso pelo menos destruir o conforto de uma posição assumida antes de se partir em busca de novos mundos que possam até mesmo comprometer o que somos ou fazemos agora. Ninguém cria nada parado. É uma ação de desequilíbrio, como acontece com o andar, uma perna que vai à frente para evitar uma queda iminente.

Acredito que a criatividade tenha início no hemisfério direito de nosso cérebro, o mesmo que o gago usa para cantar sem gaguejar. Ali imaginamos a realidade que só existe numa forma etérea e sem limites. Essa realidade, tão colorida e profunda, é passada então para nosso hemisfério lógico, o esquerdo, perdendo muito no processo. De colorida e tridimensional, ela termina em preto e branco, plana e descorada como fotografia antiga. É do racional que passa à realização no mundo do que é viável. O significado disto? Que criamos muito mais do que realizamos, e muitas vezes a culpa está no grau de racionalidade que utilizamos. A razão pode ser um empecilho muito grande à criação, pois ela lança dúvidas da possibilidade baseada no que já é conhecido e comprovado.

Existe ainda outro elemento que toca na orquestra da criatividade, além da imaginação, humor e ousadia. Falo da intuição, que é perceber o imperceptível. Acho que intuição não é exatamente o que você vê, mas como vê. Um incidente pode ser observado por muitas pessoas, mas apenas algumas têm intuição suficiente para interpretá-lo de forma inovadora, fazendo disso um ponto de partida para a criação de algo novo.

Além da intuição, que mora com a criatividade no hemisfério direito de nosso cérebro e jogam no mesmo time da imaginação, humor e ousadia, é preciso lembrar de outro elemento muito importante na criação: a paixão. Se você não tiver paixão, é provável que a imaginação acabe virando um fantasma a atormentar a alma com possibilidades impossíveis, e a criatividade um invasor impertinente que insiste em querer nos tirar do conforto das coisas seguras e bem estabelecidas.

FS: Por que algumas pessoas são mais criativas do que outras?

MP: Será que é por serem mais sonhadoras? Creio que sim. É comum vermos em livros e filmes a figura do cientista ou inventor como alguém distraído, esquecido, desorganizado e vivendo fora da sintonia com o mundo exterior. Parece que ele tem seu próprio mundo, interno, de onde dificilmente sai. A razão de ficar por lá é que é justamente ali o seu caldeirão de novas poções mágicas. Não sei se existe algum dado científico para corroborar o que vou dizer, mas acredito que a introspecção seja uma característica de pessoas criativas.

Mas, obviamente, não deve ser levado como uma regra, pois há muitos criativos que são extremamente extrovertidos. Um artista, poeta ou escritor é alguém que tenta transportar sua criação para o mundo real, ainda que ela mesma não seja real. Transformar idéias em linguagem é um parto onde se perde muito mais do que apenas a placenta. Eu diria que do resultado do resultado final resta muito pouco da criança concebida.

Isto serve para dar uma idéia do potencial criativo que mora em nosso hemisfério direito. É importante lembrar que quando falo de artistas, poetas ou escritores como criativos, não excluo com isso outras atividades humanas, porque em todas elas os que deixam alguma marca são sempre os que as executam com arte, poesia e boa comunicação.

FS: Há diferentes tipos de criatividade?

MP: Não saberia dizer. Na minha opinião, há dois tipos de criatividade: a que você sabe que tem e a que tem e não sabe. Geralmente as pessoas mais criativas são as que conhecem sua própria criatividade e tratam de alimentá-la. Os demais, fazem coisas criativas sem perceberem isso e acabam deixando sua criatividade definhar até que tudo o que fazem não passa de rotina. Quando tudo vira rotina você acaba cauterizando a inovação que poderia fazer parte de suas ações, transformando cada uma delas em um acontecimento singular.

Alguns irão odiar reconhecer isto, mas o contrário do criativo é o metódico. Quem faz todos os dias o mesmo caminho de ida e volta para o serviço, come a mesma comida, bebe a mesma bebida, lê os mesmos livros ou vê os mesmos filmes, dificilmente terá oportunidade de se deparar com o novo e precisar criar novas maneiras de interpretá-lo. A criatividade é oposta à segurança e acomodação.

FS: Por que a criatividade encanta?

MP: Porque desperta as pessoas de seu torpor cotidiano. Mas, pelo mesmo motivo, eu não diria que todas as pessoas ficam encantadas com a criatividade. Ao contrário, há muitos que temem qualquer idéia ou ação que possa ameaçar o estado de inércia em que gostam de viver. Por isso os criativos podem ser considerados como ameaça a muitos sistemas e organizações, por mostrarem a possibilidade de se fazer as coisas de forma diferente do modo como sempre foram feitas.

FS: O que é criatividade nos negócios?

MP: A criatividade nos negócios não é muito diferente da criatividade em todas as outras áreas. O que pode existir é uma dose maior de consciência para resultados, que nos leva a um tipo de criatividade com propósito. Enquanto o artista plástico pode estar querendo apenas despertar uma emoção abstrata em quem vê sua obra, o empreendedor quer que sua obra faça um efeito mais concreto naqueles tocados por ela e retorne na forma de subsídios tangíveis para ele continuar criando.

É importante entender que mesmo no mundo dos negócios você pode encontrar o criativo para concepção e o criativo para realização em pessoas diferentes. Por esta razão encontramos pessoas que tiveram idéias excelentes que, quando colocadas em prática, resultaram em fracasso comercial. Ou pessoas que tinham tudo para executar boas idéias, mas nunca as tiveram. É aí que reside a diferença entre empreendedor e empresário. Um cria o quê e outro cria o como. São preciso destes dois, ou destas duas qualidades numa pessoa, para termos um negócio bem-sucedido.

FS: Como uma pessoa pode usar a criatividade para melhorar a produtividade no trabalho?

MP: A criatividade nasce em mentes inquietas e insatisfeitas com o modo como as coisas estão. Acham que pode existir um fértil vale atrás da montanha visível e estão dispostas a escalá-la, nem tanto para chegar ao pico, mas muito mais para descobrir o vale. Quando encontramos pessoas para as quais os problemas são refresco, encontramos pessoas criativas no trabalho. Elas estão sempre arranjando problemas, no sentido de descobri-los e buscar soluções. São aquelas que gostam de levantar o tapete para ver se tem poeira ali, geralmente odiadas por outras que preferem varrer a poeira para debaixo do tapete. Fazer uma auto-análise do tipo de pessoa que sou ajuda em muito meu progresso profissional.


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