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Criando de cabo a rabo

CRÔNICAS DE NEGÓCIOS

Criando de cabo a rabo

Quem costuma trabalhar em um terminal burro – o posto avançado de um computador central – conhece só meia verdade. A verdade inteira é que o computador na outra ponta também é burro. E se eu pensar que o computador pensa, pertenço à mesma família. A menos que aprenda que pensar é enxergar além de dados informes. Ou além da informação.

Computador pensa? Penso que não. O que faz é armazenar dados, dar forma a eles e informar o resultado. Como a fôrma dá forma aos ingredientes que formam o pudim. É por isso que informação não passa de dados que ganharam uma formatação. Mas será que a máquina pensou aí? Ainda não. Só processou.

E o terminal burro? Oras, ele cospe o pudim que o computador burro formatou. Quem se concentra demais nos dados e na informação só consegue enxergar o furo do pudim, onde não há sabor nem sensação. Todavia, quem pensa saliva. Estimulado pelas glândulas da intuição, desperta a imaginação que leva à criação. Já viu um micro com intuição? Já vi gente com micro-intuição. Que aprendeu a pensar como os computadores, só na razão. E há quem acredite que isto seja educação!

Educar não é ensinar a juntar dados e mostrar como formatá-los. Isto é brincar de "cubo mágico", girando, girando, até que cada face fique com a mesma cor. Quem decorar a fórmula chega lá. Formou o cubo, está formado. Sai pensando que aprendeu a pensar. Nem a pensar, nem a criar.

Criar é formar o rabo que outro bicho comeu, como a lagartixa faz. Esculpir, a partir de informação que nem imagina ter, a matéria prima de moscas deglutidas. "Presto!" Nasce um rabo que sabe rebolar tão bem quanto o comido. Não é à toa que a linha de servidores pensantes da IBM tenha sido batizada de eLiza – do inglês "lizard" de lagartixa.

A idéia é que o servidor aprenda com os erros e pratique a auto-correção. Ainda não é nenhum HAL, o computador de"2001 - Uma Odisséia no Espaço", cujas letras precedem IBM, mas já é alguma coisa. Porém não penso que pense no sentido em que pensamos. Talvez seja um servidor mais inteligente que deixe mais burro o terminal. Uma relação que, se ocorre entre máquinas, não ocorre no marketing.

Em marketing, a informação precede, acompanha e persegue seu cliente. Faz com que ele deseje, use e se apegue ao seu produto. Mas não é tudo. Faz com que seu cliente aprenda. Sua empresa, o servidor inteligente, não está conectada a um terminal burro, mas a um cliente que aprende. Com você, com seu produto, com seu concorrente. E fica cada vez mais inteligente.

É incrível ver quantas empresas estão empenhadas numa guerra dos cem anos de preços, promoções e liquidações. E queima de estoque, quando deviam estar queimando as pestanas. Mantém produtos e estratégias estagnadas, que insistem em zombar da inteligência do cliente. Como aprender é um processo, ensinar também deve ser. Se os produtos ensinam, não podem parar na primeira lição, como acontece com a educação.

Pelo menos a tradicional, que aprendemos. Quer ver? Você aprendeu que devia aprender até começar a trabalhar. Escola, formação, trabalho, nesta ordem. Mas as coisas mudaram e a escola parece ser a última a aprender. Continua a ensinar a resolver o "cubo mágico". Quem conseguir, está pronto para parar de aprender e começar a trabalhar. Mas será que aprender a receita é pensar?

Empresas que aprendem continuam educando seus educandos antes que virem burros terminais. Outras ainda não deram este passo, nem o próximo. Que é entender que a empresa também ensina o mercado. A partir dos dados que dele aprendeu, formatou e recriou. Qual lagartixa que cria um novo rabo, para substituir aquele que o mercado já comeu.

Isto se faz com criatividade, a capacidade humana de enxergar nos dados informes aquilo que o computador não vê. Agostino D'Antonio, de Florença, trabalhou um grande bloco de mármore e não chegou a lugar nenhum. Desistiu da rocha ruim. Outros também. Por quarenta anos o bloco permaneceu em sua monolítica inanição até alguém enxergar nele uma possibilidade de criação. Na rocha informe Michelângelo viu um Davi. E o esculpiu.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja emwww.mariopersona.com.br

Esta crônica de Mario Persona pode ser publicada gratuitamente como colaboração em seu site, jornal, revista ou boletim, desde que mantidas na íntegra as referências acima.   


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