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Como trabalhar em home-office – Revista Gestão e Negócios

ENTREVISTA

Home-Office

Fui entrevistado pela Revista Gestão & Negócios para uma matéria sobre home-office e a arte de se trabalhar em casa. A íntegra de minha entrevista você encontra aqui.

Gestão & Negócios: Por que e quando você decidiu montar a sua empresa dentro de casa?

Mario Persona: Quando comecei a trabalhar como consultor independente, ministrando palestras e treinamentos in company, minha primeira providência foi providenciar um escritório nos moldes tradicionais. Mas logo percebi que tinha cometido um erro. Em minha atividade não é o cliente que vai até o consultor, mas o consultor que vai ao cliente.

Além disso, minha intenção era trabalhar o máximo possível usando as novas tecnologias, razão pela qual nem mesmo me preocupei em imprimir material de divulgação. Seria tudo digital, tanto a venda como o acompanhamento de propostas. Após alguns meses pagando aluguel de um imóvel sem sequer aparecer por lá, decidi rescindir o contrato e assumir de vez o modelo home-office.

Gestão & Negócios: Há quanto tempo você tem o seu home Office?

Mario Persona: Já tive escritório em casa antes, mas na atual atividade, desde 2001, que foi quando deixei meu posto de diretor de comunicação e marketing de uma empresa para me dedicar ao trabalho como consultor independente e palestrante, atividade esta que eu já exercia na função que ocupava para divulgar e vender os serviços da empresa onde trabalhava.

Gestão & Negócios: Quais as dificuldades que você enfrentou para estabelecer o seu negócio?

Mario Persona: Creio que a maior dificuldade seja cultural. Muitas pessoas e empresas ainda raciocinam em termos de empresa física, com funcionários trabalhando todos em um prédio de tijolos, de preferência com uma placa na porta avisando: "Sede Própria".

A associação de empresa com tangíveis é uma idéia que já está ultrapassada para alguns segmentos e atividades. Nunca me esqueço do que aconteceu com um industrial de minha cidade quando recebeu a visita de empresários japoneses. Orgulhoso de sua fábrica, apontou para a grande foto na parede da sala de reuniões que mostrava a fachada da empresa com cerca de três mil funcionários uniformizados reunidos na frente. Um dos japoneses comentou: "Vocês precisam de tudo isso para produzir?".

A idéia é essa. Qualquer tangível envolvido na produção de riqueza deve ter uma razão de ser, caso contrário deve ser descartado. A dificuldade cultural existe por termos vivido séculos em um mercado que não tinha o que temos hoje em termos de comunicação e capacidade de processamento de informações.

Há 30 anos um gerente precisaria de uma infra-estrutura imensa para fazer seu trabalho: secretárias para receberem suas ligações e anotarem recados, datilógrafas para executarem suas cartas e memorandos, pessoas para fazerem cálculos à mão ou em máquinas mecânicas, office-boys para levar e trazer correspondência interna, telefonistas para completarem suas ligações, máquinas copiadoras para duplicarem seus documentos, veículos com motoristas para levarem seus malotes de correspondência ao correio e até um sistema de som ambiente, caso desejasse trabalhar com música. Hoje qualquer pessoa tem tudo isso em um laptop.

Obviamente ainda há profissionais que não conseguem trabalhar sem todo esse aparato e esses serviços feitos por terceiros, mas a nova geração certamente já trabalha de modo diferente. Outra mudança tremenda que a tecnologia trouxe é a mobilidade. Usando celular e dispositivos com tecnologia wireless eu posso trabalhar de qualquer lugar, a qualquer hora, mesmo porque em uma economia global não existe horário comercial. Então por que imaginar que um espaço físico seja necessário nos mesmos termos de antigamente?

É claro que há situações em que você precisa fazer uma reunião que não seja virtual, e aí entram os novos serviços de escritórios virtuais que costumo utilizar quando preciso. Alugo uma sala por algumas horas na cidade e no endereço que melhor se adequar ao meu cliente e está tudo resolvido.

Gestão & Negócios: Quais as principais vantagens de poder trabalhar casa? E as desvantagens?

Mario Persona: Há muitas vantagens, mas acredito que a principal delas é a redução dos custos, parte dos quais se deve à não necessidade de deslocamento. Muitos consultores como eu, que jamais recebem clientes em seus escritórios, perdem horas no trânsito indo ao seu próprio escritório, horas essas que poderiam ser gastas com trabalho ou lazer. Tenho um colega que, da última vez que conversamos, tinha um escritório montado há 5 anos e jamais um cliente seu tinha entrado ali. Era ele quem ia ao cliente.

A principal desvantagem do home-office fica por conta do atendimento. Como alguém como eu está sempre viajando ou fazendo serviços externos, nos clientes, deixar o atendimento telefônico para outras pessoas da família ou para uma empregada doméstica pode dar uma impressão de pouco profissionalismo para quem liga.

A maneira que encontrei para contornar isso foi contratando uma empresa de atendimento, um call-center, onde tenho um telefone com meu número comercial e uma atendente que recebe as ligações em meu nome e até faz o acompanhamento de propostas ou liga para clientes para obter alguma informação ou documento quando necessário. Hoje você pode terceirizar as atividades de uma secretária.

Quando alguém liga ela imediatamente anota os recados ou coloca a pessoa em contato comigo, dependendo da situação. Ela provavelmente irá redirecionar a chamada ou encaminhar o cliente para meu celular, no caso de viagem, ou para minha residência, por saber que me encontro lá. Deste modo o cliente saberá que está ligando para a residência do profissional e não para uma empresa com um atendimento que possa deixar a desejar caso seja feito por outra pessoa.

Quando se tem um atendimento terceirizado a economia com infra-estrutura, treinamento, encargos etc. é muito grande. Cabe ao prestador de serviços, e não a você, substituir a atendente caso não tenha um bom desempenho, treiná-la e cuidar de todos os detalhes relativos à contratação e manutenção de pessoas.

Gestão & Negócios: Quanto você gastou inicialmente para montar seu home Office?

Mario Persona: É difícil saber, pois equipamento é algo que estou sempre comprando ou atualizando à medida das necessidades. Antigamente isso podia ser relevante, mas hoje não é. Tenho dois computadores, um deles para backup, e um notebook, além de impressora a laser e jato de tinta, scanner, fax, telefone e uma rede doméstica. Equipamentos assim já nem podem mais ser considerados como instalações profissionais pois podem ser encontrados no dormitório de qualquer adolescente hoje em dia. E posso até apostar que o computador desses adolescentes será muito superior ao que utilizo hoje.

A sala que utilizo já era usada como sala de TV pelo antigo proprietário do apartamento, portanto já trazia uma bela estante de madeira, com prateleiras, armários e gavetas cobrindo toda uma parede, o suficiente para meus livros e materiais diversos. Como não imprimo quase nada e minhas propostas são todas digitais, quase não há necessidade de arquivos.

O que é importante é o profissional que trabalha em regime de home-office é entender que só deve investir no equipamento necessário e naquele exigido para seus projetos. Por exemplo, meu primeiro scanner foi comprado quando fui contratado para um trabalho grande de traduções técnicas que exigia esse equipamento, caríssimo na época. A impressora laser, a jato de tinta, a câmera de vídeo para treinamentos, os diferentes upgrades dos computadores e notebooks, cada equipamento teve um cliente associado à sua história. Não compro algo apenas por comprar ou por achar interessante. É preciso que exista uma razão por trás da compra, de preferência um contrato que justifique o investimento ou a atualização do equipamento.

Gestão & Negócios: Como separar as atividades profissionais das domésticas?

Mario Persona: Hoje isso é muito fácil para mim, pois vivo somente com um de meus filhos. Na minha idade o profissional geralmente já tem seus filhos criados, o que evita um dos maiores problemas de se trabalhar em casa, que é o barulho excessivo que crianças ou outras pessoas da família possam fazer, o que é perfeitamente normal em qualquer família. A solução não é reprimir a família, mas ter um cômodo especialmente adaptado para o trabalho em casa. É claro que a família precisa mudar algo em termos de cultura, entendendo que aquele cômodo é uma empresa, não faz parte da ala familiar da casa. Quando existe essa compreensão e são tomados os cuidados necessários, o trabalho em casa fica perfeitamente viável.

Em casas ou apartamentos menores, onde não existe essa possibilidade de se separar um cômodo isolado para o trabalho, o jeito é criar uma agenda de trabalho adequada, por exemplo, aos horários da escola dos filhos. É necessário que exista alguma disciplina, tanto da parte do profissional, como também compreensão da família, já que será dali que sairá o sustento de todos. Acredito que muitas profissões podem se adaptar facilmente ao trabalho em casa, desde que se utilize a tecnologia adequada e exista uma mudança de atitude em relação ao que é o trabalho. Na antiguidade todos os artesãos trabalhavam em casa, e um consultor nada mais é do que um artesão do conhecimento. Evidentemente há profissões que não se prestam ao home-office. Eu nunca aconselharia um home-office para um médico legista.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja emwww.mariopersona.com.br


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