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Como profissionais e artistas aproveitam o impulso da pirataria para promover suas vendas.

Seqüestros autorais

"JAPONÊS É SEQUESTRADO COM MERCEARIA E TUDO!O comerciante Toshiro, 49 anos, foi seqüestrado junto com sua mercearia na tarde de ontem. Toshiro ficou famoso em seu bairro por ter inventado a CRM, uma Caderneta de Registro Mensal onde registrava as preferências de seus clientes. Junto com Toshiro, foram seqüestrados o Pepe do açougue, o Manoel da padaria e o Alcebíades do boteco. Além da mercearia."

Fique tranqüilo. Toshiro, que aparece em meu livro "Receitas de Grandes Negócios" numa bem-humorada crônica explicando o conceito de CRM, ou Customer Relatioship Management, já foi localizado. O cativeiro foi descoberto numa revista de tecnologia da informação onde Toshiro estava encarcerado entre dois ou três parágrafos de um artigo maior, assinado por outro autor. Ali, o nipônico Toshiro teve sua identidade mudada para um português "Joaquim". Para despistar.

Seqüestrado pela segunda vez, Toshiro foi levado para as páginas de uma revista de publicidade e trancafiado num artigo assinado por uma terceira pessoa. Mais uma vez, foi descoberto pela CIA, a Comunidade dos InternautasArticulados, que me avisou. É difícil passar despercebido do"Little Brother", esse vigilante paralelo que a Internet criou ao dar poder de mídia ao povo comum.

Prefiro pensar que a atração fatal que Toshiro exerce sobre as pessoas tenha sido a causa do equívoco. Sei que é prática comum na rede os artigos voarem de lá para cá e de cá para lá. Ou alguns trechos e idéias serem incorporados a artigos sem que o autor perceba o que fez. Porém, copiar tim-tim por tim-tim e assinar, só pode ser descuido de quem copia. Ou ingenuidade minha. Conversei com o suposto autor e ele declarou ter sido um equívoco da revista, que o teria colocado como autor sem a sua autorização. Ou a minha.

A dupla "Copiar & Colar" tem feito sucesso nesta Internet sem porteiras e até me beneficio disto. Sempre incentivei a livre distribuição de minhas crônicas, hoje publicadas com os devidos créditos por dúzias de sites, jornais e revistas. Isto não inibe as vendas de meus livros, ao contrário, aumenta. Não só ajuda a vender mais livros, palestras e serviços de consultoria ou redação publicitária, como também traz um certo prestígio. Alguém contou que seu professor utiliza o Toshiro para explicar CRM em um curso de pós-graduação na FGV.

Isto acontece também em outros cantos. A dupla "Bruno & Marrone" alcançou a fama depois que uma gravação feita num estúdio de rádio virou CD pirata. Pela primeira vez um CD pirata já vinha até com apologia, caso fosse apreendido: "Seu guarda, eu não sou vagabundo/ Eu não sou delinqüente/ Sou um cara carente/ Eu dormi na praça/ Pensando nela...." Será que isto limpava a barra do camelô?

Já consagrada, a dupla inovou com uma estratégia no mínimo curiosa. O normal é um CD de sucesso ser pirateado e atrapalhar as vendas do oficial. A dupla decidiu dar o troco pirateando o pirata. Ou seja, formalizou o informal. Apesar do receio de que as vendas pudessem ir mal ao concorrer com o clone bastardo, o filho legítimo estourou nas paradas. Agora é a vez da dupla nada caipira "Aurélio & Houaiss" atualizar seus dicionários e incluir o verbo "despiratear".

Aproveitar o moto de vendas criado pela contravenção não é novidade. Já vi lojas armando banca na calçada para garantir seu ponto entre os camelôs que vendem em sua porta. O caso"Bruno & Marrone" pode ser uma idéia para quem quiser sair da marginalidade e abrir uma pirataria legal. Vai ter fila de artistas desconhecidos implorando, "Me pirateia que eu gosto".

Se acha que estou brincando é porque não entendeu como funciona a publicidade que pega carona na maré contrária. O seqüestro autoral sofrido por Toshiro criou uma oportunidade para divulgar meu livro e meus serviços. Percebeu? Meu único receio é que algum dia um pirata ganhe uma ação contra o autor por violação dos direitos autorais da cópia e lançar a cópia oficial da cópia pirata vire crime. Aí corro o risco de acabar na cadeia por plagiar a mim mesmo.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja emwww.mariopersona.com.br

Esta crônica de Mario Persona pode ser publicada gratuitamente como colaboração em seu site, jornal, revista ou boletim, desde que mantidas na íntegra as referências acima. 

 


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