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As últimas e pequenas coisas

As últimas e pequenas coisas
por Mario Persona

Li e reli a chamada na página de capa do site da MSN em português, cedinho de manhã. Queria ter certeza de que a notícia que aparecia na pequena caixa que vai alternando fotos e alertas dizia exatamente aquilo. Sim, dizia. Não era sono nem remela. Estava escrito sim.

Ao lado da foto de José Dirceu com o subtítulo "STF livra Dirceu, Delúbio, Genoino e Sílvio Pereira da primeira acusação", e sob as chamadas "Marcos Valério responderá por lavagem de dinheiro" e "Renúncia não encerra investigação contra Abreu", vinha em letras pequenas: "Pesquisador acha cidade submersa no Japão". E daí?

Daí que o redator trocou o "s" de "submersa" por "d" e aquela sutil mudança fez toda a diferença. Um "d" pequenininho, escondidinho, mas com uma mensagem enorme. O redator pode negar a intenção, mas captei seu protesto mudo, seu grito estrangulado, sua denúncia entalada na garganta. Qual? Oras, da vergonhosa poluição nos mares!

São as pequenas coisas que fazem toda a diferença, e observá-las abre um mundo de possibilidades. Durante anos trabalhei como negociador e aprendi um bocado sobre as nuances do comportamento humano, da linguagem corporal e das mensagens cifradas, conscientes ou não. Há quem diga até que escrevo assim, em código.

Se ainda não acredita que são as pequenas coisas que causam maior impacto, experimente dormir com aquele pernilongo dentro da barraca. Ou envie para a namorada uma coroa de flores imensa, com suporte e tudo, e uma faixa de letras douradas dizendo "Te amarei eternamente". Na próxima você vai querer enviar um singelo botão. Na próxima namorada.

Nos treinamentos de vendas sugiro que os vendedores não dêem brindes aos clientes. Por que? Oras, qualquer pessoa inteligente sabe que o brinde leva a mensagem "Ei, cara, faz aí uma propaganda de minha empresa, ok?". O brinde pode até ser caro, mas se traz a marca estampada não é sutil.

Quando presentear seja sutil, criativo. Como? Sabe aquela viagem que você fez ao nordeste? Pois é, lembra do lápis que viu na barraca de artesanato com a palavra "Maceió" esculpida em cores vibrantes? Compre trinta deles e quando visitar um cliente, crie um momento memorável. Algo do tipo "Estive em Maceió e lembrei-me de você". Não se esqueça de dar o lápis. Um só, não os trinta.

Ele nunca vai se esquecer de você, de sua marca e de seu produto. Vai contar para a esposa e ainda guardará o lápis de recordação. Tudo por apenas R$ 1,99. Se há riscos? Há. Da próxima vez que você for a Salvador ele pode pedir que traga uma carranca de vinte e cinco quilos.

Nos últimos dias tenho mandado e-mails convidando pessoas para a noite de autógrafos de meu sexto livro, "Dia de Mudança", na Livraria da Vila, nos Jardins, em São Paulo. A editora criou um convite bonito, com imagem da capa e tudo mais, mas decidi não enviá-lo por e-mail. Detesto receber e-mails com imagens e anexos enormes, e alguém deve detestar também.

Ao invés disso, enviei um e-mail pequeno, simples, de texto, só para quem mora em São Paulo, é meu cliente ou algum dia solicitou uma proposta de serviços. Acha pouco? Acha pequeno? Não é. Lembre-se de que as menores coisas, as mais simples, as que aparecem por último, podem fazer toda a diferença. No texto coloquei uma pitada de bom humor, minha marca registrada. Quem disse isso? Eu não.

Foi o leitor de uma revista que publica minhas crônicas, cujo e-mail a editora me enviou. Pelo jeito ele gosta de ler revistas de trás para frente, como eu. Sim, é lá que sai minha crônica, na última página, a de menor importância, a mais escondida, o último assento da festa do peão. Veja o que ele escreveu:

"O que me traz também a elogiar a revista é a seção da crônica do excelente Mario Persona, pessoa com ótimo humor e de muita inspiração. Pra falar a verdade, é a primeira coisa que leio na revista".

Viu? Gostei tanto que deixei para o final.



POSFÁCIO

Fui obrigado a enviar outra vez esta para os assinantes de meu boletim por e-mail porque cometi o mesmo erro do redator do qual falei em minha crônica. Uma letrinha trocada. Só descobri quando estava gravando a crônica para a Rádio Barbante. Sim, você pode me ouvir na coluna da direita deste blog ou neste link.

Agora é oficial: Você está convidado para a noite de autógrafos de meu novo livro "Dia de Mudança". Se estiver em Sampa, evidentemente, no dia 4 de setembro de 2007 às 19:00 horas. Endereço? Livraria da Vila à Alameda Lorena, 1731 nos Jardins.

O que você ganha com isso? Bem, meu autógrafo deve valer alguma coisa daqui a trezentos anos). Não precisa levar caneta. Ouvi dizer que se meu livro vender bem ele vai para a lista dos best-sellers! Já pensou, ter um amigo best-seller? Uau! Participe da campanha "Vamos fazer do Persona um best-seller"! rssss

Bem, depois que descobri que as livrarias estão colocando meu livro na seção de auto-ajuda (nossa! é um livro sobre carreira!!), tudo pode acontecer... Seção de auto-ajuda é aquela que você pergunta ao funcionário da livraria onde é e ele nunca ajuda você a encontrar. Você que se ajude...


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