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A BOLHA ASSASSINA

CRÔNICA

A Bolha Assassina

por Mario Persona

Ela apareceu pela primeira vez em 1958, mas não foi no pé. Foi no cinema. Uma produção de apenas 240 mil dólares em sua época, a Bolha voltou aos cinemas trinta anos depois a um custo de 17 milhões de dólares. Mais gosmenta, mais destrutiva e com uma taxa de colesterol absurda, depois de engolir um cinema inteiro de gente.

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Na virada do século a Bolha reapareceu causando um horror ainda maior e real. Não veio do espaço sideral como no filme, mas do ciberespaço e não engolia gente, mas dinheiro. A Bolha da Internet custou muito mais que as Bolhas de Hollywood juntas. Milhões de dólares desapareceram da noite para o dia sem deixar sequer um rastro de gosma.

Agora a Bolha volta a surgir, milionária outra vez. Nada a ver com a Nasdaq ou com Jack Harris, o produtor das duas primeiras bolhas cinematográficas. Porém, tão horripilante quanto as outras, ela é destaque no noticiário em todo o mundo.

Numa rádio o dono desta Bolha dá detalhes aterrorizantes: pura carne viva, capaz de impedir que a pessoa atacada seja capaz de andar, correr ou jogar bola. A atual Bolha Assassina atacou o calcanhar de Ronaldo, o Aquiles da Seleção Brasileira.

O atacante culpa a chuteira, mas o fabricante esclarece que nada mudou no calçado de última geração. Ronaldo abandonou um amistoso porque não agüentava de dor. Já o médico, que não sentiu nada, disse não estar preocupado. As dores teriam sido causadas por algum movimento diferente de Ronaldo durante o jogo. Movimento diferente num jogo de futebol?

A Bolha na estrela do futebol mundial em véspera de Copa pode produzir muito mais que pus. A dor no pé de Ronaldo é pequena se comparada à dor no coração de milhões de torcedores e à dor de cabeça que isso pode causar para o patrocinador. Um risco que todo patrocinador corre quando seu atleta pára de correr.

Apesar dos riscos, transformar atleta em garoto-propaganda tem sido um grande negócio. Nos anos 80 a Nike já patrocinava Michael Jordan com grande sucesso e a fumaça que campeões como Ayrton Senna deixavam para trás era patrocinada pela Marlboro e outras marcas de cigarro. Mostrando que em alguns casos o risco do patrocínio pode acabar sendo do patrocinado, à medida que o cigarro foi deixando seu papel de mocinho para ser visto como bandido.

Se para uns o risco do patrocínio aumentou com o passar do tempo, para outros diminuiu. Os gramados que no passado eram símbolo da elite branca norte-americana viraram o palco de Tiger Woods, o campeão de golfe que aparece sob o inconfundível logo branco da Nike em seu boné de cor preta. Representante de uma minoria, ele promove, de uma só tacada, a marca, o esporte e a superação da discriminação.

Até quem já pendurou as chuteiras como George Foreman é sucesso no mundo do patrocínio. Com o grill que leva o seu nome, ele ajuda a aumentar a gordura do fabricante eliminando a gordura do consumidor. A gordura excedente do filé é mostrada na TV de forma tão horrorosa e assassina quanto a Bolha de Hollywood.

Neste caso já não é a marca que patrocina o atleta, mas o atleta que patrocina a marca ou dá nome a ela, mostrando que até fora de ação é possível fazer dinheiro com uma máquina de nocautear. Ou com uma máquina de fazer gols.

Enquanto se recupera, Ronaldo é visto na concentração sem chuteiras, sem tênis, mas com um confortável par de chinelos que fazem qualquer bolha parecer refresco. A marca? Não sei, mas que alguém está perdendo uma oportunidade e tanto de vender chinelos, isso está.

Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Veja emwww.mariopersona.com.br

  


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