Papagaios também falam
por Mario Persona
Papagaios falam. Aprendem a repetir palavras, frases e até a cantar e contar piadas. Há quem acredite que eles saibam ler, só porque tiram bilhetinhos da gaveta do realejo. Mas duvido que você peça conselhos ao bichinho.
O papagaio pode fazer tudo, menos se comunicar, a não ser com outro papagaio. Digo comunicar no sentido de saber o que você está dizendo e ele repetindo. É fácil provar isso. Acaso seu papagaio riu da primeira vez que você contou a piada que ele decorou?
Para alguns, comunicar-se é saber falar e escrever, mas isso não basta. Visite meia dúzia de sites corporativos e clique na declaração de “Missão, Visão e Valores” da empresa, e depois peça para algum colaborador explicar aquilo. Quer se divertir? Peça ao presidente ou ao diretor.
Em algumas empresas é gasto mais tempo para escolher a moldura do que a declaração, e às vezes a direção nem participa do processo. Pedem para o Júnior encontrar alguma frase bonita no Google.
Toda empresa precisa ter uma história para contar. Esqueça o ano de fundação e a foto do bisavô de bigodão. Sua história é aquilo que cria um elo de comunicação e relacionamento envolvendo colaboradores, clientes, fornecedores, acionistas e comunidade.
Você gosta de histórias sem emoção? Se não evocar emoções não é história, é relatório. Sem histórias não há comunicação, e sem comunicação não existe história. Nossa civilização foi costurada com histórias contadas ao redor da fogueira.
Pode observar: os melhores comunicadores em uma empresa são os que contam as melhores histórias de si mesmos, dos produtos e da empresa, e cativam. Ouvi dizer que o projeto original de Brasília não tinha calçadas, só grama. As calçadas seriam feitas sobre as trilhas que as pessoas deixassem.
É assim que funciona, descubra aqueles que deixam trilhas positivas e compartilhe isso com todos. Comunicação não é o que a empresa diz aos funcionários e ao mercado, mas o que ela ouve dessas fontes também. Essa é a comunicação que vai funcionar, que vai criar um discurso homogêneo, e não algumas palavras bonitas tiradas daquela página grudada do Aurélio.
Até bandidos sabem disso. Eles combinam rapidamente que história vão contar, antes da polícia chegar. Por isso a polícia costuma separar a quadrilha e pedir detalhes para cada um, e é aí que a porca torce o rabo. É bom começar a estimular a conversação em sua equipe, ou a polícia do mercado vai descobrir contradições. Isso é comunicação interna ou externa? Vamos ver.
Imagine o cenário: sua função é fazer um furo numa chapa e passar para o colega com instruções do parafuso que vai ali. Isso é comunicação. Siga essa chapa e ela vai chegar como torradeira nas mãos da dona Maria. Em que ponto do processo você colocaria o divisor de águas? Onde a comunicação deixou de ser interna para ser externa?
Ah! No ponto em que a torradeira saiu da empresa! Tá, até parece. Aí a dona Maria vê no Orkut que tem um tal de Júnior que trabalha na masmorra daquela fábrica, na seção sem comunicação com o público, e manda um recado perguntando da torradeira. Ele, que se acha um pão, não vai deixar de responder, e acaba queimando a marca.
É melhor ensinar sua turma a traduzir seu negócio, sua marca e seu produto, e criar um ambiente de comunicação corporativa, que é a soma de todos os significados que transitam dentro e fora da empresa. Porque a tecnologia está transformando cada Júnior de sua equipe em um relações públicas.
Muitos médicos costumam ter dificuldades para se comunicar com seus clientes por não saberem traduzir. Antes a gente culpava a letra, mas agora que a receita sai da impressora, a gente viu que é grego mesmo. Alguns pensam que seu paciente fala o mesmo idioma. Não fala.
Um deles contou do problema de se comunicar com um paciente. Depois de escrever uma receita de uma pomada para a micose que o velhinho tinha no braço, deu a ele o papel com a instrução:
– Passe isso no braço duas vezes ao dia e volte daqui a um mês.
Uma semana depois o paciente estava de volta e, mostrando a receita toda suja e gasta, pediu:
– Doutor, faz outra aí que esta não durou nem uma semana.
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O Poder das Narrativas nas Organizações STEPHEN DENNING Em seu best-seller Squirrel Inc., Stephen Denning, ex-executivo do Banco Mundial e mestre da narrativa, usou uma parábola para demonstrar por que a arte de contar histórias é uma habilidade crucial para os líderes. Agora, neste guia prático, o autor explica como aprender a contar a história certa no momento certo. Qualquer que seja sua posição na empresa CEO, gerente de nível intermediário ou da linha de frente , você poderá exercer liderança ao lançar mão de histórias para provocar mudanças. Contendo uma enorme variedade de exemplos, este livro mostra como essa habilidade é uma das poucas maneiras de lidar com os principais e mais difíceis desafios da liderança: desencadear a ação, levar as pessoas a trabalharem em conjunto e liderar em direção ao futuro. O tipo certo de história no momento certo pode tornar uma organização incrivelmente vulnerável a uma idéia nova. Esta é a obra-prima de Denning sobre a arte de contar histórias um trabalho notável. O livro que todo e qualquer gerente deveria ler antes de uma apresentação de PowerPoint. É criativo, eclético, passional e útil uma rara combinação vencedora quando se trata de um livro de negócios. Denning nos fornece um útil guia prático da arte narrativa. Ele nos dá detalhes de como contar a história certa no momento certo. Leia este proveitoso livro e, em seguida, conte para os amigos! |